A cultura de tecidos, técnica de multiplicação de mudas in vitro, tem se mostrado uma importante ferramenta para otimizar o cultivo do curauá na região amazônica. A Embrapa tem desempenhado um papel fundamental nesse processo, participando de uma ampla parceria governamental com o objetivo de incentivar a adoção da fibra natural no Polo Industrial de Manaus.

Os experimentos em curso envolvem o uso de mudas de tecido de curauá branco e roxo, visando não apenas melhorar a produção da planta, mas também embasar o mapeamento genético de espécies vegetais utilizadas na produção de híbridos adaptados à região. Iniciado em 2024 pelo governo do Amazonas, o projeto-piloto tem despertado o interesse dos produtores rurais, que veem no curauá um potencial para aumentar sua geração de renda.

A técnica de cultura de tecidos tem se mostrado promissora para escalar e aprimorar a produção de mudas de curauá, uma bromélia amazônica com amplas aplicações na indústria devido à sua resistência e características que podem substituir parcialmente a fibra de vidro. Essa técnica, que possibilita a multiplicação de mudas com segurança e uniformidade, pode contribuir significativamente para atender à crescente demanda por fibras naturais nos setores produtivos e industriais do país.

A parceria com o governo tem permitido o acompanhamento das mudas pelo pesquisador Francisco Célio Chaves, garantindo assim resultados positivos que sugerem a viabilidade da técnica de cultura de tecidos. Além disso, o estudo realizado pelo professor Felipe Padilha, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Agronomia Tropical da Universidade Federal do Amazonas, tem trazido importantes contribuições para o conhecimento sobre o cultivo do curauá na região.

No entanto, apesar do potencial do curauá como uma fonte de fibras naturais de alta qualidade, existem ainda desafios a serem superados, como a falta de informações agronômicas e de conhecimentos específicos sobre a espécie. A validação agronômica do cultivo do curauá no Amazonas se mostra essencial, assim como a realização de mais estudos para compreender a influência dos nutrientes no crescimento e na qualidade das fibras.

O projeto-piloto de produção de fibras do curauá, lançado pelo governo do estado, representa um passo importante na busca por soluções sustentáveis e inovadoras para a indústria local. Produtores como Claudimar Mendonça já estão apostando no potencial da cultura, enxergando nela uma oportunidade de agregar valor e gerar renda para suas famílias e comunidades. Com o apoio da pesquisa e da tecnologia, o curauá pode se tornar não apenas uma alternativa viável à fibra de vidro, mas também uma fonte de crescimento econômico e desenvolvimento sustentável para a região amazônica.

Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Maria José Tupinambá / Embrapa