O cultivo de teca, uma madeira nobre originária da Ásia, apresenta avanços significativos no Brasil, especialmente em regiões de clima mais quente. A introdução de um sistema inovador, conhecido como Bacaeri – BoiTeca, destaca-se por permitir que produtores integrem a pecuária de corte com a silvicultura da teca, sem que uma monocultura substitua a outra. Em vez disso, as árvores são cultivadas em meio às pastagens, possibilitando que atividades pecuárias e silviculturais coexistam de forma harmoniosa.
Esse sistema, desenvolvido pela Embrapa Agrossilvipastoril, visa não apenas o cultivo de teca, mas também a maximização da produção de carne, enquanto proporciona um retorno financeiro atrativo para os pecuaristas. Em parcerias com produtores de Mato Grosso e Pará, a Teak Resources Company (TRC) projeta plantar 12.500 hectares de teca em um prazo de cinco anos. A previsão é que o investimento inicial, embora elevado, possa ser recuperado em aproximadamente oito anos, com um retorno de R$ 4,70 para cada R$ 1 investido.
No cerne do Bacaeri – BoiTeca, existe um enfoque no manejo adequado das árvores, que consiste em práticas como o controle de desramas e a maximização da entrada de luz, o que não só assegura uma madeira de alta qualidade, mas também mantém a produtividade da pastagem. Além disso, a sombra das copas das árvores traz benefícios importantes ao gado, melhorando seu conforto térmico e, consequentemente, favorecendo o ganho de peso. Pesquisas têm mostrado que o acesso à sombra não apenas atende às necessidades térmicas, mas também fortalece o sistema imunológico dos bovinos, influenciando positivamente na produção de hormônios sexuais.
Desde 2000, com os primeiros plantios de teca em sistemas silvipastoris em Mato Grosso, o interesse por essa forma de produção tem crescido. A experiência de produtores como Arno Schneider e Antônio Passos, que têm sido pioneiros na implementação de técnicas de integração, reflete o potencial do sistema. Passos, por exemplo, destaca a necessidade de um manejo cuidadoso e o investimento em tecnologia e insumos adequados para garantir a longevidade e a qualidade da produção.
Ademais, a construção de parcerias, como a realizada entre a TRC e a Embrapa, tem sido vital para a validação e divulgação do sistema. Eventos como o lançamento oficial do Bacaeri – BoiTeca são oportunidades para agrônomos e pecuaristas conhecerem de perto as recomendações que abrangem desde o planejamento da área até o manejos fitossanitários.
Além de suas vantagens econômicas, o sistema ILPF pode contribuir para a sustentabilidade ambiental, mitigando a emissão de gases de efeito estufa e promovendo a estocagem de carbono através das árvores. Para os pecuaristas, isso pode significar acesso a créditos de carbono e a possibilidade de certificações que valorizam práticas de produção menos impactantes.
A experiência acumulada pela Embrapa e os resultados financeiros promissores atestam que o uso do sistema de integração entre pastagens e teca não apenas diversifica a produção, mas também abre novas oportunidades no cenário agrícola brasileiro, reforçando a importância de uma abordagem sustentável e de longo prazo na agropecuária.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Maurel Behling / Embrapa