A Embrapa Agroindústria Tropical anunciou a introdução da cultivar de cajueiro BRS 805, uma inovação que promete revitalizar a cajucultura no Ceará, o principal estado brasileiro na produção de castanha. Este novo clone foi desenvolvido especialmente para a região litorânea cearense, visando aumentar a produtividade e a diversidade genética nos pomares, o que é fundamental para enfrentar pragas e doenças que possam ameaçar a produção.
A BRS 805 destaca-se por oferecer castanhas com peso médio de cerca de 10 gramas, que têm sido bem recebidas no mercado de processamento. Além disso, seu pedúnculo apresenta um conteúdo de vitamina C notavelmente elevado, cinco vezes superior ao da laranja, somando 270 miligramas a cada 100 gramas de polpa. A comercialização de suas mudas se dará através de um edital de oferta pública, programado para ser lançado em janeiro de 2026, autorizando viveiristas selecionados.
Lançado em dezembro de 2025, o BRS 805 representa o 14º clone proveniente do Programa de Melhoramento Genético da Embrapa, que busca promover a sustentabilidade e a saúde da cajucultura. Segundo Dheyne Melo, investigador da Embrapa, suas origens remontam aos anos 1990, quando a espécie foi selecionada durante um experimento na fazenda Pio IX, no Piauí. Desde então, o clone foi rigorosamente testado em diversas localidades, revelando um desempenho superior que poderia dobrar a produtividade em relação ao clone CCP 76, atualmente o mais cultivado.
Em termos de resistência a doenças, a BRS 805 mostra-se promissora, sendo menos suscetível a enfermidades como o mofo-preto e a antracnose. Isso não apenas implica em menos utilização de fungicidas, resultando em redução de custos, mas também em maior segurança alimentar para os consumidores. Para otimizar o manejo, especialistas recomendam um espaçamento adequado, já que as plantas atingem alturas entre 3 e 4 metros e se expandem bastante, facilitando a mecânica agrícola.
O BRS 805 é também comparável a outras cultivares de sucesso como o BRS 226, principalmente em termos de aceitação no mercado. Sua classificação em categorias de qualidade vai desde a LW até a W210, com um rendimento industrial de 23,2%.
No contexto mais amplo da cajucultura, a Embrapa observa um momento de inflexão, com a necessidade de evolução para uma produção tecnificada e sustentável. Embora o Ceará tenha já alcançado um recorde em 2024, com um crescimento significativo na produção de castanhas, ainda existem desafios a serem superados.
Esse novo clone de cajueiro não só amplia o portfólio de variedades disponíveis, mas também oferece uma alternativa robusta frente às variabilidades climáticas e produtivas. Com uma abordagem focada no fortalecimento da cadeia produtiva e na renovação dos pomares, a Embrapa otimiza a capacidade dos agricultores, solidificando a cajucultura como um pilar essencial da economia nordestina.
Com informações da Embrapa
Fotos: A nova cultivar chega para reforçar o portfólio de cultivares da Embrapa e contribuir para o fomento da cadeia produtiva a partir da renovação dos pomares. / Embrapa
