No último dia do encontro de mulheres parlamentares do P20, realizado em Maceió (AL), um painel dedicado à ampliação da participação feminina nas esferas de decisão destacou o sucesso de diversas políticas de cotas para candidaturas femininas implementadas globalmente. O P20, que é a instância legislativa do G20, composto pelos países mais desenvolvidos, tem sido um fórum importante para essas discussões. Apesar dos avanços conquistados nos últimos anos, as parlamentares ainda são sub-representadas em instâncias decisórias e de governança, com apenas 26% dos integrantes de instâncias internacionais sendo mulheres desde 1965.
A coordenadora da ONU no Brasil, Silvia Rucks, afirmou que a participação feminina na política é um direito humano fundamental. Ela enfatizou que a violência política é um fator crucial na sub-representação das mulheres nesses espaços, apontando que mais de 80% das mulheres no parlamento já sofreram violência relacionada à sua atuação política. Silvia destacou o caso brasileiro, mencionando que, embora haja progresso na diversidade de mulheres eleitas, incluindo mulheres indígenas, negras e transgênero, ainda há um longo caminho a ser percorrido. Segundo ela, não faltam instrumentos para reduzir as disparidades de gênero, mas é necessária uma transformação efetiva dos sistemas estabelecidos, políticas públicas e instituições, o que demanda vontade política.
Cecília Alemany, da ONU Mulheres, também trouxe à tona a questão da violência digital, afirmando que 30% das mulheres na América Latina diminuíram sua presença política nas mídias sociais por conta desse tipo de violência.
O evento também contou com a participação de Marcela Guerra Castilho, presidente da Câmara dos Deputados do México. Ela relatou que seu país estabeleceu cotas de 30% para candidaturas femininas em 2012, o que resultou em um avanço significativo. No entanto, ela apontou resistência na divisão de espaços de poder e um aumento da violência política à medida que as mulheres ocupam mais cargos de decisão. Guerra Castilho defendeu que as leis sobre igualdade de gênero na política devem ser garantidas na Constituição para terem eficácia.
Representantes de outros países também compartilharam suas experiências. Young Kim, dos Estados Unidos, mencionou que a representação feminina no Congresso é a maior da história, com 154 congressistas mulheres. Na Itália, a senadora Lavínia Mennuni destacou que as políticas de equilíbrio entre vida doméstica e trabalho são essenciais. O panorama na China também foi abordado por Fu Caixiang, que relatou que 26% do Congresso Nacional são mulheres, um marco histórico.
Na Alemanha, a senadora Beate Schlupp destacou que as cotas femininas para candidaturas têm dado resultados, com uma maior representação feminina no Parlamento Europeu. Já no Brasil, a senadora Soraya Thronicke compartilhou suas dificuldades e experiências pessoais ao tentar avançar na questão das cotas para mulheres na política.
A diversidade de abordagens e o compartilhamento de experiências no encontro do P20 destacam a complexidade e os desafios contínuos para alcançar igualdade de gênero na política. Em setembro, o próximo encontro do Parlasul, no Paraguai, será uma nova oportunidade para fortalecer a colaboração regional e continuar avançando nessa luta tão fundamental.
Com informações e fotos da Câmara dos Deputados