Nesta quarta-feira (3), o Papa Francisco aceitou a renúncia do arcebispo de Maceió, Dom Antônio Muniz.
Dom Carlos Alberto Breis Pereira, que ocupava o cargo de arcebispo coadjutor, assume agora o comando da Arquidiocese, que abrange Maceió e outros 37 municípios de Alagoas.
A renúncia de Dom Antônio foi formalizada por meio de um ofício enviado ao Vaticano e posteriormente referendada pelo Papa. A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou saudações a Dom Beto e agradeceu a Dom Antônio por seu serviço.
Dom Antônio Muniz, de 71 anos, agora se torna arcebispo emérito, após 25 anos de dedicação à construção de uma Igreja comprometida com o anúncio do Evangelho e a caridade cristã. Sob sua liderança, a Arquidiocese de Maceió praticamente dobrou de tamanho desde que à assumiu em 2007, passando de 62 para 107 paróquias, áreas pastorais e quase paróquias. Já o clero, cresceu de 70 integrantes para cerca de 170, incluindo padres, religiosos e diáconos.
O catarinense e agora Arcebispo de Maceió, Dom Beto, nasceu em 1965 e ingressou na Ordem dos Frades Menores aos 17 anos. Ordenado sacerdote em 1994, ele desempenhou várias funções em sua ordem religiosa antes de se tornar bispo coadjutor de Juazeiro (BA) em 2016. Recentemente, ele foi eleito presidente do Regional Nordeste 3 da CNBB.
Dom Antônio Muniz, frade da Ordem do Carmo, nasceu em Princesa Isabel, Paraíba, em 11 de agosto de 1952. Antes de se tornar bispo, ele foi mestre dos noviços, reitor de colégio, provincial e professor de Bíblia. Durante seu governo como arcebispo de Maceió, destacou-se pela promoção da Pastoral Social, instituição das Missas pela Paz e fundação da Fazenda da Esperança Santa Teresinha, entre outras iniciativas voltadas para o bem-estar da comunidade.
Confira na íntegra a mensagem de despedida de Dom Antônio Muniz
Mensagem de Despedida
Com leal acatamento ao Magistério da Igreja e seu poder de jurisdição, venho, por este instrumento, comunicar a minha renúncia ao ofício de Arcebispo de Maceió, e, ao mesmo tempo, a aceitação do Santo Padre, o Papa Francisco, ao meu pedido de renúncia ao governo Pastoral desta Arquidiocese. Em Ato contínuo, assume a Arquidiocese como novo Pastor, o Arcebispo Coadjutor Dom Carlos Alberto Breis Pereira, OFM.
Envelhecer, e, às vezes, adoecer, faz parte da vida, como nascer, crescer e morrer. “Das coisas visíveis, nada dura para sempre, mas tudo passa: Tanto na juventude, como as forças físicas, quer as comorbidades, quer as funções de poder” (Bento XVI, Angelus em Castel Gandopho a 1º de agosto de 2010).
Com verdadeiro amor à missão que me foi confiada por Deus, recordo o meu lema de ordenação Episcopal “Erit Vester Servus” (Serei Vosso Servo), e tenho consciência de que deixo esse serviço pastoral, não por falta de amor, mas por reconhecer os limites de minhas forças, e tal como Jacó, seria capaz de começar a servir outro tanto, se não fora, “para tão longo amor tão curta vida”.
Posso agora dizer como o Apóstolo Paulo: “combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (2 Tim 4). Neste momento da minha vida, com o meu pedido de resignação do governo pastoral da Igreja de Maceió, manifesto meu reconhecimento de que absolutamente tudo procede da bondade de Deus, que me amou primeiro e chamou-me a servir no seu reino, sustentando-me com seu braço terno de Pai. Com a ajuda da Mãe Igreja, aprendi que Deus escolhe os fracos, como eu, que trazem em frágeis vasos de barro o tesouro do Ministério da Santa Igreja, para que todos reconheçam que um poder tão sublime vem de Deus e não dos homens.
Nestes quase 26 anos de Ministério Episcopal, dos quais mais de 17 nesta Arquidiocese, jamais tive a pretensão de julgar ter agido sempre acertadamente. Só há um justo juiz: Jesus Cristo, constituído por Deus Pai, Juiz dos vivos e dos mortos. Com esperança, permito-me confiar no julgamento do Senhor Jesus, que aplica o poder com prevalência da misericórdia acima da justiça.
Fui e sou feliz junto à porção do povo de Deus desta Arquidiocese, e a palavra que utilizo neste momento de despedida é gratidão.
Acolhamos com amor e fé o nosso Arcebispo Dom Carlos Alberto Breis Pereira, OFM, recordando os ensinamentos do saudoso Papa São João Paulo II: “O povo de Deus, iluminado pela fé, deve ver esta vocação Divina e sobrenatural. Sendo dócil ao seu bispo, ajudando-o e apoiando-o com a prece e ação a cumprir esta missão sagrada que ele recebeu do alto”.
Tenho bem presente em minha vida o cântico evangélico do velho Simeão, e quero repetir como João Batista: “Ele é que deve crescer e eu diminuir” (Jo 3,30), para que em todas as coisas seja Deus glorificado.
Dom Antônio Muniz Fernandes, O.Carm.
Arcebispo Emérito de Maceió