Nos últimos anos, as mulheres brasileiras têm sido verdadeiras estrelas nos Jogos Olímpicos, destacando-se pela conquista de medalhas em múltiplas modalidades. No entanto, apesar deste brilhantismo dentro das arenas, a presença feminina na liderança técnica ainda é escassa, uma realidade que o Comitê Olímpico do Brasil (COB) busca reverter. Em um esforço concreto para mudar esse cenário, o COB, através da Área Mulher no Esporte, parte da Diretoria de Desenvolvimento e Ciências do Esporte, lançou o Programa Mentoria Individualizada Reflexão e Ação (MIRA), com o objetivo de aumentar o número de treinadoras em alto rendimento nos próximos eventos olímpicos.
Desde maio, dez talentosas treinadoras estão recebendo apoio de coach developers para identificar oportunidades de desenvolvimento profissional, baseando-se em suas jornadas individuais. Em parceria com as diversas confederações esportivas, o programa promoveu atividades de mentoria in loco, proporcionando experiências valiosas como a da treinadora Nayara Pontes. Acompanhada pela mentora Elinai Freitas, Nayara participou de um treinamento com a seleção sub-19 de vôlei de praia, no Centro de Desenvolvimento do Voleibol, em Saquarema. A mentoria permitiu a observação detalhada de suas interações com atletas e com outros membros da comissão técnica, oferecendo uma visão profunda sobre o ambiente do esporte.
Além de Nayara, Alexandra Cardoso, treinadora de tiro com arco, também foi beneficiada pelo MIRA, recebendo suporte para integrar a comissão técnica da seleção brasileira em competições internacionais. Essas experiências não apenas enriquecem o desenvolvimento das treinadoras, mas também fortalecem a rede de suporte entre elas, como destacou Taciana Pinto, Gerente de Desenvolvimento Esportivo do COB. A aprendizagem baseada em viagens se mostrou uma estratégia formativa eficaz, oferecendo condições únicas de troca de conhecimento e vivência prática.
A interação entre mentores e treinadoras é crucial para o sucesso do MIRA. A pesquisa realizada pelo COB em 2023, que envolveu mais de 300 treinadoras, revelou que a solidariedade e as trocas de experiências entre mulheres que vivenciam desafios semelhantes são fundamentais para a tomada de decisões em situações desafiadoras. Essa rede de suporte tem sido um elemento essencial para o fortalecimento das relações profissionais e pessoais das participantes do programa.
Recentemente, as dez treinadoras envolvidas no MIRA tiveram a oportunidade de se encontrarem pessoalmente no campus da Unicamp, em Limeira, nos dias 19 e 20 de setembro, para a primeira etapa presencial do programa. O evento, que precisou ser adiado anteriormente devido a enchentes no Rio Grande do Sul, promoveu dinâmicas em grupo e discussões com alunos da graduação em Ciências do Esporte. Esse curso inclui uma disciplina focada em treinadores esportivos, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento das participantes.
O encontro foi realizado na Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp, que abriga o LEPE – Laboratório de Estudos em Pedagogia do Esporte. O laboratório é referência em estudos sobre mulheres no esporte de alto rendimento e colaborou com o COB em uma pesquisa para entender os desafios enfrentados por treinadoras e desenvolver sistemas de suporte eficazes para sua inserção e permanência na carreira. Esse estudo resultará em estratégias a serem implementadas por confederações e outras instituições esportivas, como destacou a Prof. Dra. Larissa Galatti, pesquisadora do LEPE.
O MIRA, cujo nome é uma analogia ao conceito de alvo, visa incentivar a reflexão e a troca de conhecimento, estabelecer metas individuais para aprimoramento de competências específicas e articular conhecimentos profissionais, interpessoais e intrapessoais. Neste contexto, a Área Mulher no Esporte, criada pelo COB em 2021, desempenha um papel essencial no fortalecimento da cultura de inclusão e reconhecimento da mulher em todos os âmbitos esportivos, alinhada às estratégias do Comitê para alcançar uma equidade de gênero efetiva no esporte brasileiro.
Com informações do Comitê Olimpico do Brasil
Legenda Foto: Programa de Mentoria para Treinadoras do COB leva mulheres para treinamentos e competições de seleções nacionaisObjetivo do MIRA, da Área Mulher no Esporte, é aumentar a presença feminina entre treinadores nos próximos Jogos Olímpicos; Nayara Pontes participou de treinamento da CBV e Alexandra Cardoso, de competição internacional de tiro com arcoNavegue por tópicosAs mulheres foram os grandes destaques do Time Brasil nos últimos dois Jogos Olímpicos, liderando a conquista de medalhas. Se dentro dos campos, quadras, tatames e ginásios, elas estão brilhando, isso ainda não se reflete na liderança fora da área de competição.Assumindo o papel de incentivar o esporte feminino em todos os seus aspectos e, assim, buscando ampliar o número de treinadoras no Alto Rendimento e, consequentemente, nas delegações nos próximos Jogos Olímpicos, o Comitê Olímpico do Brasil (COB), através da Área Mulher no Esporte, da Diretoria de Desenvolvimento e Ciências do Esporte, lançou o Programa Mentoria Individualizada Reflexão e Ação (MIRA).Desde maio cada uma das 10 treinadoras vem recebendo mentoria de coach developer na identificação de oportunidades de desenvolvimento a partir da compreensão de sua trajetória individual. Em parceria com as confederações, o programa oportunizou atividades de mentoria in loco. Uma delas foi com a mentora Elinai Freitas que acompanhou a treinadora Nayara Pontes em período de treinamento com a seleção sub-19 de vôlei de praia em Saquarema, no Centro de Desenvolvimento do Voleibol, da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). A mentora pôde não só observar a atuação da treinadora com os atletas, como pode compreender melhor o ambiente da modalidade e as relações interpessoais com outros membros da comissão técnica. Além de Nayara, a treinadora Alexandra Cardoso, do Tiro com Arco, também teve suporte do MIRA em seu plano de desenvolvimento para que ela integrasse a comissão técnica da seleção brasileira em competições internacionais.“Uma inovação e contribuição do MIRA é utilizar a aprendizagem baseada em viagens como estratégia formativa para o desenvolvimento profissional dessas treinadoras. As viagens oferecem condições únicas de aprendizado, pois além de estarem situadas no contexto real de prática, favorecem a troca de conhecimento e experiências por meio da interação com outros profissionais”, explicou Taciana Pinto, Gerente de Desenvolvimento Esportivo do COB.“Para potencializar o desenvolvimento delas, houve previamente um alinhamento entre COB e as Confederações para que se estabelecesse um plano individualizado de aprendizagem, baseado na autorreflexão, durante a participação da Nayara como membra da comissão técnica no Campeonato Mundial Sub-19 de Volei de Praia, na China, e da Alexandra no World Ranking Event de Tiro com Arco, na Argentina”, completou.A aproximação entre mentores e treinadoras e a formação de uma rede de suporte entre as treinadoras são fundamentais. A literatura internacional, assim como a pesquisa realizada pelo COB em 2023 com mais de 300 treinadoras, evidenciou que o fortalecimento das relações entre mulheres que enfrentam dificuldades semelhantes contribuiu como um fator de suporte, além de facilitar trocas que podem auxiliar a tomada de decisões em situações desafiadoras. Alexandra Cardoso (primeira à esquerda) no World Ranking Event de Tiro com Arco, na Argentina – Foto: Arquivo PessoalMIRA realiza encontro presencial de treinadoras na UnicampDepois de um adiamento por conta das enchentes no Rio Grande do Sul, onde moram três participantes do Programa, as 10 treinadoras se encontrarão no campus da Unicamp, em Limeira, nos dias 19 e 20 de setembro para a primeira etapa presencial do MIRA. O encontro presencial proporcionará a realização de dinâmicas em grupo promovendo o compartilhamento de experiências entre as treinadoras e o aprofundamento das relações com seus mentores/as individuais. Além disso, será oportunidade de discutir a atuação de treinadoras com alunos e alunas da graduação em Ciências do Esporte, curso da UNICAMP que inclui uma disciplina inédita sobre Treinadores Esportivos. O 1º Encontro presencial será realizado na Faculdade de Ciências Aplicada – FCA da UNICAMP em Limeira/SP onde funciona o LEPE – Laboratório de Estudos em Pedagogia do Esporte, referência no país em estudos relacionados, dentre outros assuntos, a mulheres no esporte de alto rendimento. Um desses estudos é realizado a partir de um convênio de pesquisa com o COB para compreensão dos desafios e do sistema de suporte necessário para maior inserção e permanência de mulheres na função de treinadora esportiva. Este doutorado resultará na proposição de estratégias a serem implementadas por confederações e outras instituições esportivas visando o desenvolvimento de treinadoras. “O MIRA tem sido uma ótima oportunidade de colocarmos em prática o que vimos estudando nos últimos ano. A parceria com o Comitê Olímpico do Brasil nos permite acompanhar de perto a carreira desse grupo de treinadoras avaliando o impacto de ações individualizadas voltadas às necessidades de cada uma” ressaltou Larissa Galatti, Prof. Dra. Livre Docente da UNICAMP e Pesquisadora do LEPE.O que é o Programa MIRA?MIRA significa Mentoria Individualizada Reflexão e Ação, mas também é uma analogia com alvo, com o que o COB quer atingir. Os objetivos do MIRA são: estimular consciência e reflexão; estabelecer metas individuais para aprimoramento de competências especificas; promover aprendizagens contextualizadas na atuação prática com ênfase em seus desafios cotidianos; articular conhecimentos profissional, interpessoal e intrapessoal e fortalecer rede de suporte.As participantes dessa primeira edição do MIRA são: Alexandra Cardoso , do tiro com arco; Bruna Rodrigues, do basquete 5×5; Fabiana Silva, do badminton; Gabrielle Moraes, da ginástica rítmica; Hélia Souza “Fofão”, do vôlei; Luiza Fantoni, da natação e águas abertas; Maria Portela, do judô; Nayara Pontes, do vôlei de praia; Rafaela Turola, do rúgbi; e Sandra Crul, do atletismo.Mulher no EsporteÁrea criada pelo COB em 2021 para fomentar o desenvolvimento de atletas, treinadoras, gestoras, profissionais de equipe multidisciplinar e árbitras do ecossistema esportivo do Brasil. Alinhada à estratégia do Comitê (objetivos 4.5 e 2.7), a área almeja incrementar os resultados esportivos através da equidade de gênero no esporte, sempre na busca por uma cultura de inclusão e reconhecimento da mulher em todos os âmbitos esportivos.