Em mais uma partida dramática pela Série B do Campeonato Brasileiro, o CRB viu uma vitória escapar nos últimos minutos e saiu derrotado pelo Goiás em um jogo de tirar o fôlego. A equipe alagoana, apesar de um desempenho dominante durante boa parte da partida, foi derrotada aos 49 minutos do segundo tempo, em uma bola parada que evidenciou os erros defensivos que têm sido recorrentes nesta temporada. Após a partida, o técnico Hélio dos Anjos não escondeu a frustração em sua análise, refletindo sobre as falhas que custaram os preciosos três pontos.
“Nós jogamos como nunca, não fizemos gol também como nunca“, desabafou o treinador, evidenciando o domínio do CRB em campo, mas também a falta de efetividade no ataque. Segundo o técnico, o time atuou com qualidade e agressividade, conseguindo anular a maior parte das jogadas ofensivas do Goiás, mas, mais uma vez, não conseguiu transformar essa vantagem em gols. A dor de ver um jogo bem executado escapar nos segundos finais foi evidente. “Mas é importante frisar que não se pode perder três pontos aos 49 minutos. Isso mata!”, afirmou Hélio, refletindo sobre a desconcentração fatal da equipe.
O CRB acumulou uma série de empates e derrotas nos últimos jogos, minando a confiança que o time precisaria para escapar do perigo do rebaixamento. Com um elenco que mostrou entrega em campo, mas que continua “capengando” na tabela, Hélio foi incisivo: “Estamos estrangulando com nossos próprios erros, o erro de não fazer gol e o erro de não ser fortes mentalmente a partir dos 45 minutos finais.”
Embora o CRB apresente boas estatísticas de posse de bola e jogadas ofensivas, o placar não reflete o domínio em campo, o que só acentua o desconforto do treinador. “Para mim, futebol é gol, o que importa é vencer”, declarou. Hélio dos Anjos sabe que o futebol brasileiro é implacável com quem não alcança resultados, e ele mesmo destaca que os méritos em campo não têm valor quando a vitória não vem. “No aspecto de jogo jogado, tudo passou pelo CRB, mas estamos numa situação em que não adianta eu elogiar a dinâmica, a ofensividade, a agressividade, se estamos capengando com 39 pontos.”
Hélio também ressaltou que, neste ponto da competição, a equipe precisa ser pragmática. “Nesse momento, o que vale é ganhar. Não tenho que performar 20, 30 jogos; temos que ganhar.” Com isso, o treinador expôs a urgência de resultados imediatos para evitar uma possível queda para a Série C.
Quando questionado sobre o impacto psicológico das derrotas e a pressão que seus jogadores enfrentam, Hélio foi direto e disse que qualquer medida de apoio psicológico neste estágio seria superficial. “Qualquer trabalho psicológico que surge na última hora é oportunismo“, afirmou, indicando que, neste ponto, o foco é fortalecer a resiliência do grupo para enfrentar os últimos desafios da temporada.
Sobre o risco do rebaixamento, Hélio dos Anjos mostrou-se determinado e confiante. “Não penso no CRB na Série C. Penso no CRB lutando até o final, resiliente e confiante.” Com uma convicção clara, o treinador deixa evidente que, enquanto houver esperança, ele e seus jogadores continuarão batalhando até o último minuto.
A próxima partida contra o Santos, na Vila Belmiro, promete ser mais um teste de fogo para o CRB, que entrará em campo precisando desesperadamente de uma vitória.
Entrevista Completa com Hélio dos Anjos após a derrota do CRB para o Goiás
Repórter: “Hélio, como sempre, vamos começar com uma avaliação da tua equipe. Como foi o desempenho diante do Goiás, que não conseguiu vencer?”
Hélio dos Anjos: “Nós jogamos como nunca, não fizemos gol também como nunca. Acho que foi um jogo em que o adversário jogou dentro de uma característica que a gente preparou muito bem: ligação direta, um jogo mais de bolas enfiadas em cima da nossa linha. Resolvemos isso muito bem. A minha linha de quatro, no primeiro e segundo tempo, deu uma resposta muito grande. Colocamos volume no setor esquerdo, que era o setor em que esperávamos neutralizar o Goiás, e conseguimos criar jogadas por esse lado, especialmente no primeiro tempo.
Mas é importante frisar que você não pode perder três pontos aos 49 minutos de jogo. Isso mata! Jogamos bem, jogamos dentro do que o adversário propôs, e o time correspondeu na criatividade, mas não fizemos o gol. Quando o Goiás conquistou o gol, já tinha colocado uma linha de quatro zagueiros, com Reinaldo no lado esquerdo, como zagueiro, abdicando do jogo. Nós perdemos duas divididas lá na frente, o que originou o escanteio, e pecamos mais uma vez. Tomamos gol de bola parada no final, mas também não podemos deixar a jogada sair como saiu, lá do lado esquerdo deles. Lamentamos muito ter tomado o gol. Estamos estrangulando com nossos próprios erros: o erro de não fazer gol e o erro de não ser fortes mentalmente a partir dos 45 minutos finais.”
Repórter: “Foi uma das melhores apresentações do CRB, com garra e vontade. O lamentável foi o gol do Goiás ao final, que não veio de uma bola trabalhada, mas de uma bola parada. Como você encara isso?”
Hélio dos Anjos: “Para mim, futebol é gol, o que importa é vencer. O jogo do Goiás se limitou à ligação direta, dentro da filosofia deles. Hoje, realmente, é um time mais competitivo. Mas no aspecto de jogo jogado, tudo passou pelo CRB. Só que estamos numa situação em que não adianta eu vir aqui elogiar a dinâmica do meu jogo, a ofensividade, a agressividade, se estamos capengando com 39 pontos. Sabemos que, num momento como esse, o que vale é ganhar. Não tenho que performar 20 jogos, 30 jogos; temos que ganhar. Lamento muito, mas parabenizo meus jogadores pela dedicação e lucidez de jogo. Infelizmente, mais uma vez, estamos aqui lamentando, e isso é ruim. Não queremos que essa lamentação chegue no dia 24; temos que resolver nossos problemas.”
Repórter: “O time estava sem alguns jogadores, e as tuas substituições foram diferentes. As ausências fizeram falta?”
Hélio dos Anjos: “Eu tenho o hábito, na minha carreira toda, de não lamentar quem saiu, quem está suspenso ou machucado. Tenho que dar moral para quem entra, falar bem de quem está em campo. Mas a gente sabe que certas situações de jogo são importantes para ter todos à disposição. Não posso colocar a culpa nas costas de quem entrou. No geral, o Matheus fez um bom jogo na esquerda. Tivemos algumas dificuldades na frente com o Getúlio, que tem uma característica diferente do Anselmo, que faria mais pivô. O Getúlio é de atacar a linha e o espaço. Deixamos a desejar em pequenos aspectos ofensivos, mas, ainda assim, estivemos no campo do adversário.”
Repórter: “O CRB tomou gol nos minutos finais contra diversos times: Vila Nova, Coritiba, Ponte Preta, Mirassol, Novorizontino e agora Goiás. Esse fator emocional está pesando? Existe algum trabalho psicológico para os jogadores?”
Hélio dos Anjos: “Olha, qualquer trabalho psicológico no futebol que surge na última hora é oportunismo. Não existe trabalho psicológico que vá resolver numa conversa ou palestra. Estamos acostumados com isso. Nossa vida no futebol é de pressão, seja para subir ou evitar rebaixamento. Eu disse isso para eles hoje. Precisamos ter força, resiliência e saber lidar com as derrotas. Mentalmente, houveram problemas, mas, para mim, o problema definitivo é a bola não entrar. Isso é o que lamentamos.”
Repórter: “Como será o trabalho para a próxima semana? O próximo jogo é contra o Santos, na Vila Belmiro, e essa vitória contra o Goiás era fundamental.”
Hélio dos Anjos: “Sim, fundamental. Sabemos que vamos enfrentar o Santos, que está brigando pelo título. Nós criamos o problema de precisar desse resultado lá. Não temos temor, não temos medo de ninguém. Vamos preparar uma estrutura de jogo para conseguir um resultado positivo lá. Confiança é essa: o CRB nunca descartou um jogo ou apostou no próximo. Vamos entrar com um time forte e nos fortalecer durante a semana para ter condições de fazer um bom jogo contra o Santos.”
Repórter: “Você trabalha com a possibilidade do CRB cair para a Série C?”
Hélio dos Anjos: “Não, de jeito nenhum. Eu não trabalho com essa possibilidade. Se pensasse assim, nem teria vindo. Sei que é difícil, mas nas últimas cinco equipes em situação parecida, conseguimos o objetivo e eu continuei no clube. Não posso pensar no CRB na Série C. Penso no CRB lutando até o final, resiliente e confiante. Quem vai entrar em campo somos nós, e precisamos estar bem para esse jogo.”