Entrevista com Fernanda Maria Raupp Santana: A Trajetória de uma Fonoaudióloga no Exterior

Danielle Cândido

Fernanda Maria Raupp Santana, formada em Fonoaudiologia pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) em 2011, combina vocação, persistência e coragem em sua trajetória. Após anos de atuação no serviço público brasileiro, decidiu recomeçar na Alemanha. Hoje, é uma fonoaudióloga reconhecida no país europeu, trabalhando em um centro de estimulação precoce para crianças com atrasos no desenvolvimento. Nesta entrevista, Fernanda compartilha sua jornada, os desafios da revalidação do diploma e conselhos para novos profissionais.

Como você descobriu a Fonoaudiologia?

Minha paixão pela Fonoaudiologia surgiu de forma inesperada. Durante o ensino médio, uma professora de violão notou minha voz rouca e sugeriu que eu procurasse um otorrinolaringologista, que diagnosticou nódulos nas pregas vocais. Ao iniciar a terapia fonoaudiológica, me encantei pela área. Na hora de escolher a graduação, optei por Fonoaudiologia na Uncisal, embora também tivesse me interessado por Biologia.

Quais marcos da sua formação na Uncisal marcaram sua trajetória?

Desde o início, nosso contato com a prática foi intenso, especialmente com os estágios dos alunos mais avançados. Essa experiência real foi fundamental. A Uncisal proporciona uma formação abrangente, equilibrando ensino, extensão e pesquisa, o que consolidou minha base profissional.

Você atuou como fonoaudióloga no Brasil antes de se mudar para a Alemanha?

Sim. Após me formar, fiz uma especialização em Gerontologia e trabalhei entre 2012 e 2019 como fonoaudióloga educacional em Jaraguá do Sul, SC, promovendo a inclusão de crianças com deficiência na educação regular. Embora a experiência fosse enriquecedora, eu sentia falta da atuação clínica, o que me levou a abrir uma clínica em 2015.

O que motivou sua mudança para a Alemanha?

A decisão foi pessoal. Casei-me com um alemão e escolhemos que viver na Alemanha seria a melhor opção para nossa família, buscando estabilidade e segurança. Cheguei ao país em maio de 2020, no auge da pandemia, com o objetivo de revalidar meu diploma e atuar como fonoaudióloga.

Como foi o processo de reconhecimento profissional na Alemanha?

Foi desafiador e demorado. Cada país tem suas exigências, e, no caso da Fonoaudiologia, há uma ênfase na proficiência em alemão. Tive que alcançar o nível C2, realizar estágios práticos e passar por cursos e provas específicas. O reconhecimento oficial do meu diploma veio apenas em dezembro de 2022.

Como é sua atuação profissional atualmente?

Atualmente, trabalho em um hospital com um centro de estimulação precoce, colaborando com uma equipe multidisciplinar que atende crianças com atrasos no neurodesenvolvimento. É um trabalho gratificante, apesar dos desafios de atuar em um idioma que não é o meu nativo.

Você se sente realizada profissionalmente?

Sem dúvida. Sempre soube que queria ser fonoaudióloga. As dificuldades de adaptação e revalidação não me desmotivaram; pelo contrário, reforçaram meu compromisso com a profissão. Trabalhar com linguagem em outro idioma é um desafio, mas também uma fonte constante de motivação.

Que mensagem você deixaria para os estudantes de Fonoaudiologia da Uncisal?

Aproveitem ao máximo a formação que recebem. A Uncisal oferece uma base sólida e inúmeras oportunidades. Não hesitem em sonhar grande, mesmo quando os desafios parecem intransponíveis. A excelência no atendimento é essencial, independentemente de onde estejam.

Com informações e fotos da Uncisal