A indústria de alimentação fora do lar vive um momento paradoxal no Brasil: enquanto a média salarial do setor alcançou um patamar histórico de R$ 2.222, conforme dados recentes, os empresários ainda se deparam com grandes desafios na contratação de novos funcionários. Um levantamento realizado pela Abrasel destaca que 90% dos empresários consideram “difícil” ou “muito difícil” encontrar mão de obra qualificada. Entre os principais obstáculos mencionados, 64% dos empresários relatam a dificuldade de localizar profissionais adequados, enquanto 61% indicam a escassez de interessados para as vagas abertas.
A Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD), divulgada em março, evidencia não apenas o aumento salarial, mas também a crescente dificuldade do setor em preencher posições requeridas. Para os empresários, o problema não se limita apenas à falta de qualificação técnica, mas também é exacerbado pelas condições de trabalho, como horários pouco atrativos e uma alta concorrência por profissionais qualificados em outras áreas. Além disso, um em cada cinco empresários admite que os salários esperados pelos candidatos estão além das possibilidades financeiras do estabelecimento.
Profissões especializadas, como sushiman e churrasqueiro, figuram entre as mais desafiadoras em termos de recrutamento, com 88% dos empreendedores considerando essa dificuldade como alta. Apesar desse cenário, para o segundo trimestre deste ano, há uma expectativa de movimento no mercado de trabalho, com 26% do empresariado planejando novas contratações. Entre aqueles que pretendem ampliar suas equipes, 46% buscam reforçar a força de trabalho dedicada a questões administrativas, enquanto 34% pretendem renovar o quadro de funcionários.
O setor de alimentação é conhecido por ser um ponto de partida para muitos que buscam o primeiro emprego. A Abrasel aponta que 92% dos empresários estão dispostos a contratar pessoas sem experiência. Contudo, a retenção de talentos treinados se torna um desafio constante. Para mitigar a alta rotatividade, estratégias como premiações por desempenho, capacitações e benefícios variados têm sido adotadas. Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, ressalta a urgência de investir em formação profissional para alinhar as habilidades dos trabalhadores às necessidades do mercado.
Além disso, a pesquisa revela as preocupações relacionadas ao âmbito jurídico que afetam os empresários. Questões como a contratação de profissionais extras, escalas de trabalho aos domingos para mulheres e o risco de ações por danos morais figuram entre os principais desafios enfrentados. As implicações jurídicas demandam uma atenção cuidadosa, especialmente em um setor que já enfrenta uma alta rotatividade.
Diante desse complexo cenário, é evidente que garantir a qualidade do serviço e a eficiência das operações requer não apenas mão de obra qualificada, mas também inovações tecnológicas como automação e inteligência artificial, que podem ajudar a otimizar processos e assegurar a continuidade dos negócios em um mercado cada vez mais competitivo.
Com informações e fotos da Abrasel/BR