Recentemente, durante a conferência “Bares e Restaurantes no Brasil” realizada em São Paulo, a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e a Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP) apresentaram um estudo inédito que destacou a importância socioeconômica do setor de alimentação fora do lar no país. O documento apontou que cada R$ 1.000 gastos nesse setor movimentam R$ 3.650 na economia.
Além do estudo, foi apresentado um Plano de Restauração, contendo recomendações para enfrentar os diversos desafios que os bares e restaurantes enfrentam, especialmente os impactos decorrentes da pandemia. Segundo o estudo, em 2023, o setor movimentou R$ 416 bilhões, representando 3,6% do PIB nacional. Além disso, emprega diretamente 4,94 milhões de pessoas, correspondendo a 7,9% do total de empregos formais no Brasil, com uma massa salarial de R$ 107 bilhões.
O presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, ressaltou que o estudo forneceu um contexto detalhado sobre as implicações socioeconômicas de quem trabalha e empreende nesse setor, incluindo reflexões sobre questões relevantes como a reforma tributária. O objetivo da associação é coordenar esforços em três frentes principais: construção de políticas públicas em níveis municipal, estadual e federal; coordenação entre grandes empresas em âmbito nacional e regional; e parcerias com agências de desenvolvimento como Senac e Sebrae.
Além disso, Solmucci ressaltou o trabalho da Abrasel na criação de núcleos em comunidades e favelas em todo o Brasil, visando apoiar os empreendedores locais. Ele destacou a importância de eliminar as barreiras que separam essas áreas do restante da sociedade e promover a inclusão dessas comunidades no setor.
O estudo também revelou a diversidade do setor, com 94% das empresas sendo microempresas e 65% dos empreendedores atuando como MEIs. Apesar do impacto positivo, foram apontados desafios como alta taxa de informalidade, inadimplência, dificuldades de acesso a crédito, baixa qualificação da mão de obra e custos tributários elevados.
O professor de economia da FGV, Márcio Holland, destacou a importância do setor de alimentação fora do lar como uma via de ascensão social no Brasil, ressaltando a necessidade de enfrentar a questão da informalidade, que afeta metade dos empreendimentos e impacta diretamente a produtividade e os salários no setor. A recomendação é criar uma estrutura de incentivos que estimule o aperfeiçoamento do setor, incluindo programas de capacitação, qualificação e treinamento, além de promover uma agenda de inovação.
Durante o evento, a Abrasel apresentou o Plano Nacional de Restauração, que tem como objetivo enfrentar os principais desafios do segmento a longo prazo, promovendo ações colaborativas entre o setor, governos e agências de fomento. Entre as iniciativas propostas estão a desoneração da folha de pagamento, simplificação tributária e ampliação do acesso a programas de fomento. O evento reforçou a importância do setor de alimentação fora do lar como um pilar da economia brasileira e destacou a necessidade de ações conjuntas para superar desafios e impulsionar oportunidades.
Com informações e fotos da Abrasel/BR