No contexto do Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, celebrado em 5 de maio, o farmacêutico Pierre Cockenpot, que atua no Hospital Ib Gatto Falcão, em Rio Largo, enfatiza a importância desse tema vital. Ele destaca que a função do farmacêutico não se limita apenas à dispensação de medicamentos, mas envolve um compromisso ético e profissional de dialogar com pacientes, cuidadores e outros profissionais da saúde. Segundo ele, escolher um medicamento inadequado ou utilizá-lo sem a devida orientação pode ter consequências severas, inclusive comprometer a vida do paciente.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso racional de medicamentos é definido como a prescrição do fármaco que melhor atende às necessidades clínicas do paciente, na dosagem correta, durante o tempo necessário e pelo menor custo possível. Este cuidado é fundamental para garantir a segurança e a eficácia dos tratamentos, além de contribuir para a sustentabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS), como ressalta Cockenpot.
Apesar da clareza dessas diretrizes, a realidade é alarmante. A farmacêutica Lauanna Kyvia, também do Hospital Ib Gatto Falcão, aponta que mais da metade dos medicamentos em circulação no mundo é utilizada de forma inadequada. A automedicação, frequentemente impulsionada por conselhos informais ou informações da internet, é um problema crescente no Brasil. Uma pesquisa realizada pela Fiocruz revelou que 76% dos brasileiros recorrem à automedicação e que cerca de 30% das internações no SUS são diretamente ligadas ao uso errôneo de medicamentos, o que não só eleva os custos do sistema de saúde, mas também expõe os pacientes a riscos consideráveis.
O uso irresponsável de medicamentos pode agravar doenças devido à administração de doses inadequadas ou à interrupção do tratamento, comprometendo a eficácia terapêutica. A resistência antimicrobiana, um grave problema gerado pelo uso inadequado de antibióticos, emerge como uma preocupação significativa, dificultando o tratamento de infecções futuras. Além disso, o uso imprudente pode ocasionar reações adversas e intoxicações, com resultados potencialmente sérios.
Por outro lado, um uso consciente e orientado dos medicamentos oferece uma série de benefícios, como maior eficácia nos tratamentos, diminuição de efeitos colaterais, menos internações e complicações, além de garantir economia tanto para o paciente quanto para o SUS. A preservação da eficácia dos medicamentos, especialmente os antimicrobianos, também se torna uma prioridade.
Neste contexto, tanto Cockenpot quanto Kyvia fazem um apelo: a orientação profissional é imprescindível. Antes de tomar qualquer medicamento, é crucial consultar um farmacêutico para garantir que as escolhas feitas sejam seguras e adequadas. Algumas dicas importantes incluem evitar a automedicação, seguir sempre as prescrições médicas, armazenar medicamentos fora do alcance de crianças e animais, não utilizar produtos vencidos e nunca compartilhar medicamentos. Essas práticas simples, mas essenciais, podem fazer toda a diferença na promoção da saúde e no bem-estar.
Com informações e fotos da Sesau/AL