Na data de 19 de setembro de 2024, um marco significativo na educação inclusiva foi alcançado na Câmara dos Deputados com o lançamento de uma tabela periódica em braile, iniciativa capitaneada pela Frente Parlamentar de Luta pela Prevenção da Cegueira, em parceria com o Conselho Federal de Química. Esta nova ferramenta tem a finalidade de facilitar o aprendizado de química para estudantes com deficiência visual, ao mesmo tempo que visa ampliar o acesso dessas pessoas à ciência e ao mercado de trabalho. O deputado Eduardo Velloso (União-AC), que é coordenador da frente parlamentar, enfatizou a importância dessa medida inclusiva, ressaltando a oportunidade que a tabela periódica em braile oferece para o desenvolvimento científico, especialmente nas áreas de química de transformação e avanços tecnológicos.
A tabela periódica, originalmente criada pelo químico russo Dmitri Mendeleev no final do século 19, continua sendo uma peça fundamental nas ciências exatas, permitindo relações entre as propriedades dos elementos e guiando pesquisas para novos elementos. Deusdete de Oliveira, responsável pelo serviço de orientação ao trabalho do Centro de Ensino Especial de Pessoas com Deficiência Visual do Distrito Federal, sublinhou a importância da iniciativa, destacando que essa ferramenta é essencial para que estudantes de química possam aprender de forma autônoma, promovendo a evolução nos estudos e na cidadania.
Para Alexandre Braun, um jovem de 34 anos aposentado por neuropatia óptica, a tabela periódica em braile abre novas possibilidades de estudo e aprofundamento em química, um campo anteriormente inacessível para ele devido à sua deficiência visual. Braun, que reside em Itaituba, no Pará, manifesta entusiasmo com a nova ferramenta, ressaltando a chance de estudar química com maior profundidade.
A ideia para a tabela periódica em braile foi concebida pela professora Ana Caroline Duarte, de Manaus (AM), motivada pela falta de material didático acessível para alunos com deficiência visual. Segundo ela, muitos estudantes relataram que nunca tinham tido acesso a uma tabela periódica, o que impulsionou a criação desse recurso.
A produção das tabelas periódicas em braile foi iniciada pelo Conselho Regional de Química da 14ª Região (CRQ-14), que abrange os estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. Gilson Mascarenhas, engenheiro químico e presidente da entidade, explicou os desafios iniciais na produção e a estratégia de distribuição das tabelas, que são direcionadas preferencialmente para associações de pessoas com deficiência para garantir o uso coletivo. A produção inicial de 500 tabelas custou aproximadamente R$ 35 mil, e a distribuição é gratuita, podendo ser solicitada através do site do CRQ-14.
Além disso, o deputado Eduardo Velloso anunciou que a Frente Parlamentar de Luta pela Prevenção da Cegueira pretende pedir o desarquivamento do Projeto de Lei 444/11, que propõe a obrigatoriedade do ensino de braile em todas as escolas públicas e privadas do país, reforçando o compromisso com a alfabetização inclusiva.
Com informações e fotos da Câmara dos Deputados