Na última terça-feira, 26 de agosto de 2024, deputados de várias correntes políticas foram surpreendidos ao chegarem a Brasília coberta por uma densa fumaça proveniente de queimadas em várias partes do país. O cenário desolador desencadeou uma série de cobranças no Plenário da Câmara dos Deputados, onde tanto parlamentares da oposição quanto da base aliada exigiram medidas urgentes para enfrentar os incêndios. Além disso, pediram uma investigação rigorosa sobre as causas desses incêndios e ressaltaram a necessidade de apoio ao sistema de saúde para tratar os casos de doenças respiratórias decorrentes da fumaça.
O deputado Bohn Gass (PT-RS) alertou sobre o impacto ambiental das queimadas, lembrando que a fumaça prejudicou até mesmo a chegada de outros parlamentares a Brasília, com voos cancelados. “Quando serão recuperadas a flora e a fauna perdidas por causa desses incêndios criminosos? Isso é inaceitável!”, indignou-se. Bohn Gass ainda enfatizou a importância da ação conjunta entre os mecanismos de controle e a sociedade civil para identificar e punir os responsáveis.
Por sua vez, o deputado Pauderney Avelino (União-AM) instou o governo federal a ampliar as ações do Ibama e da Polícia Federal no combate aos incêndios que assolam a região amazônica, agravada pela severa estiagem. Avelino detalhou a situação crítica de diversos rios importantes, como o Rio Juruá e o Rio Purus, com várias localidades isoladas devido à seca. “Há mais de 7 mil focos de incêndio no estado do Amazonas. É realmente uma situação crítica, beirando o colapso,” alertou o parlamentar.
Na área da saúde, o deputado Dr. Zacharias Calil (União-GO), coordenador da Frente Parlamentar Mista da Saúde, destacou os riscos das queimadas para crianças e idosos, e cobrou da ministra da Saúde, Nísia Trindade, uma resposta contundente aos impactos sobre os serviços de saúde. “Infelizmente, a resposta do governo federal tem sido marcada pela inércia e falta de ações concretas,” criticou Calil, somando sua voz às demandas por uma atuação mais enérgica do governo.
Além disso, o deputado Dr. Fernando Máximo (União-RO) relatou o agravamento das doenças respiratórias causadas pela fumaça em Rondônia. “As pessoas estão adoecendo. Crianças, jovens, idosos, grávidas e pessoas com doenças respiratórias preexistentes estão sofrendo. Esta é uma crise de saúde pública de grandes proporções,” afirmou, lamentando a ineficácia do governo em conter os incêndios.
A questão dos incêndios criminosos também foi levantada pela deputada Erika Kokay (PT-DF), que lançou suspeitas sobre a atuação de grileiros e proprietários de terra, relembrando o infame “Dia do Fogo” de 2019. Kokay pediu uma investigação profunda por parte da Polícia Federal e das polícias estaduais para identificar os responsáveis. Ela se juntou ao deputado Chico Alencar (Psol-RJ) na defesa de mudanças no protocolo de ocupação da terra, promovendo práticas agrícolas mais sustentáveis.
A líder da Minoria, Bia Kicis (PL-DF), adicionou uma nova camada ao debate ao apontar para a ação de grupos criminosos. Citando a prisão de um incendiário que alegava ser membro do Primeiro Comando da Capital (PCC), Kicis enfatizou a necessidade urgente de investigações mais abrangentes.
Assim, a sessão plenária desta terça-feira evidenciou a profunda preocupação dos parlamentares não só com os impactos imediatos das queimadas, mas também com os desafios de longo prazo para a recuperação ambiental e a proteção da saúde pública.
Com informações e fotos da Câmara dos Deputados