A segurança pública tornou-se, nas mais recentes décadas, o tema mais recorrente na mídia e nas pesquisas de opinião, superando as preocupações dos brasileiros até mesmo com questões atinentes diretamente ao seu bem-estar, como emprego, renda, educação, habitação, saúde. Isso decorre do aumento da violência e da amplitude do poder do crime organizado em várias cidades importantes do país, sobretudo no Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
E do fato evidente de a criminalidade, partindo das gandes cidades, ter-se espalhado pelo interior do país, levando preocupação e medo.
O Rio de Janeiro, a bela ex-capital do país, que sempre encantou o mundo pela exuberância de suas belezas naturais e pela imensidão de sua cultura, especialmente da música, tornou-se, nesse ambiente de insegurança, uma espécie de símbolo negativo, indesejado, em que o medo está sempre presente.
O noticiário não para de contar que o Rio virou terreno das milícias, do crime organizado de enorme poder de fogo, com o governo do Estado, sempre desnorteado, sem saber para que lado pender, tendo perdido literalmente o controle.
O atual governador, Cláudio Castro, tem desempenhado um papel lamentável na sua tentativa de tomar pé da situação. Tem repelido publicamente o desejo manifestado pelo Governo Federal de ter uma atuação de inteligência mais efetiva no Estado, atuando em sintononia com as autoridades locais, qualificando essa intenção de intervencionismo. O Estado tem na sua estrutura três secretarias específicas para cuidar da segurança pública, mas não dá conta do recado, porque as polícias estão minadas e a base de formação das milícias que hoje aterrorizam as comundiades, vem exatamente de ex-policiais civis e militares, e também de egressos das Forças Armadas, depois de terem sido treinados e preparados para o manuseio de armas de fogo..
O Governo do Estado também não se entende com o Governo Municipal, liderado pelo prefeito Eduardo Paes, desprezando a contribuição que o município poderia dar nessa tarefa difícil.
A política adotada pelo governador Cláudio Castro na segurança do Rio tem se provado um desastre. Basta olhar para a proposta orçamentária do Governo do Estado enviada à Assembleia Legislativa para valer em 2025. À Segurança Pública foram destinados R$ 19,2 bilhões, enquanto para o setor da Educação os recursos previstos foram de R$ 10. Educação é o quinto setor abaixo de Segurança e outras 14 secretarias somadas, incluindo habitação, assistência social, gestão ambiental, saneamento, trabalho, esporte e lazer, não perfazem no total o que o governandor destinou à Segurança.
Mas esses volumosos recursos financeiros não resolvem. As práticas de uso no setor de segurança pública no Rio de Janeiro têm demonstrado que a atuação policiail tem sido a do combate nas comunidades pobres, nas favelas, com milhares de mortes todos os anos, e na estratégia de comprar sempre mais armas e colocá-las nas mãos de policiais nem sempre preparados para suas atividades. E conforme denunciam diversos organismos de proteção social, terminam servindo em muito para matar negros e pobres.
Para se ter uma ideia do erro dessas escolhas, em que Segurança tem o dobro de privilégios da Educação, aqui vai um exemplo chocante: o valor da compra de um fuzil, cerca de R$ 28 mil, corresponde a 36.842 merendas distribuídas em escolas públicasd da rede estadual de ensino, e muitas vezes faltam.
A conclusão é que o governo do Estado faz investimentos errados, não realiza combate desejado ao crime, adota o armamentismo como solução, permitie os desvios de funções e a colaboração de policiais com o crime organizado e as milícias, e compromete o futuro ao fazer investimentos pífios na educação, não preparando adequedamente crianças e jovens para o amanhã digno e merecido.
Por José Osmando