O desempenho da economia brasileira, ao contrário do pessimismo alardeado por fortes segmentos do mercado e por carimbados analistas ancorados na grandfe mídia, vem dando provas de vitalidade e dinamismo, como mostram os dados relativos às atividades industriais recentemente revelados. O rítmo de avanço da indústria brasileira no terceiro trimestre de 2024 foi duas vezes maior do que o total conseguido no mundo. Em 2024, pela primeira vez na última década, a indústria total ( transformação e mais extrativa) está crescendo com notável vigor e está revelando também, de modo inédito, que a indústria de transformação crescerá de modo a compensar retração de período anterior.
Os dados são da UNIDO ( Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial). Os resultados do relatório da UNIDO informam que a indústria de transformação no Brasil cresceu 4,6% no trimestre, na comparação com igual período de 2023, revertendo um resultado negativo naquele ano, que foi de uma queda de 1%. Já a produção manufatureira global registrou uma variação positiva de 0,4% no terceiro trimestre, e diante do que havia sido registrado no mesmo período de 2023 o crescimento foi de 2,3%.
Os números apontam que ocorreu queda na produção industrial de toda a Europa e também nos Estados Unidos, bem como em todo o conjunto dos países industrializados de alta renda. Até mesmo a China, que tem se revelado o motor de crescimento mundial, a indústria perdeu dinamismo pelos dados mostrados pelo organismo da ONU no que se refere ao terceiro trimestre do ano passado. Houve uma desaceleração de 1,5% para 1,1% na comparação ao período igual de 2023.
Há um dado significativo nesse relatório do UNIDO quanto às motivações para esse cresccimento expressivo da indústria brasileira em 2024. Fica demonstrado que avanço foi beneficiado pelo ciclo anterior, disparado a partir de setembro de 2023, da queda de juros puxada pelo Copom, do Banco Central, e a existência, como consequência, de melhores condições e volume de crédito.
A retomada de juros Selic mais altos, decidida por unanimidade pelo Copom a partir de setembro passado e ampliada em dezembro último, quando ocorreu aumento de 1 ponto percentual, saindo de 11,25% para 12,5%, e que amanhã, no encerramento de mais uma sessão desse órgão do BC deve se elevar para 13,25%, terá, com rigorosa certeza, bastante influência na diminuição do rítmo de crescimento do setor indusrial e da economia como um todo.
Se juros mais baixos e oferta de mais crédito provaram ser combustíveis alimentadores de desepenho positivo, o contrário ocorrerá com essa política desastrada de juros altos.
Graças ao desempenho significativo do setor industrial brasileiro, o número de trabalhadores cresceu e a renda salarial também aumentou. Só no tocante aos trabalhadores temporários, no ano passado o crescimento foi de 7,13% comparado a 2023. Conforme dados da Associação Brasileira do Trabalho Temporário, foram gerados 2,4 milhões de novos contratos e o setor que mais fortamente contribuiu para isso foi o industrial, acompanhado por serviços e comércio. Embora espere que esse nível de empregabilidade se mantenha, a Associação, contudo, teme que a elevação de juros e a escassez de crédito no mercado voltem a ter influência negativa e até mesmo proporcionar a volta do desemprego.
Por José Osmando