A mídia está desde ontem dando destaque à notícia de que o governo de Joe Biden deixou como herança ao seu sucessor, Donald Trump, o maior gasto militar da história desde a Segunda Guerra Mundial, na qual o país esteve diretamente envolvido. Somente no ano de 2023, no orçamento discricionário do governo dos Estados Unidos, definido em US$ 1,8 trilhão, nada menos do que US$ 1,1 trilhão foram para programas militarizados, correspondendo a 62% do total, em confronto literal com os investimentos feitos no campo social, na assistência, proteção e melhoria da vida das pessoas.
Que Joe Biden era um aficionado por guerras, colocando prioridade na participação dos Estados Unidos em conflitos armados espalhados pelo mundo, incentivando-os e guarnecendo-os, isso todo mundo já sabia. A novidade está no tamanho dos gastos astronômicos que essa decisão política causou à “maior democracia” do mundo.
Já se sabia, graças ao dossiê produzido pelo “The Warfare State”, do Instituto de Estudos de Política, ( O Estado de Guerra – como o funcionamento do militarismo compromete o nosso bem-estar) que de cada US$ 5 disponíveis em gastos no orçamento discricionário norte-amerciano para 2023, apenas US$ 2 ficaram livres para aplicação em pessoas e comundiades, incluindo educação pública primária e secundária, programas habitacionais, projetos de cuidados infantis, auxílio federal em casos de desastres, programas ambientais, alimentares e pesquisas científicas.
Ocorreu, sob Biden, uma inversão nesses investimentos. Na comparação com o ano de 2001, por exemplo, os gastos com militarismo cresceram duas vezes de tamanho, passando de US$ 1 a cada 5, para US$ 3.
Na mesma medida, houve redução drástica, inadequada e injustificada nos investimentos humanos. Isso explica porque os Estados Unidos, considerada até com certa soberba, a maior economia do planeta, passa hoje por tantos problemas econômicos e sociais, com redução de seu tamanho e o crescimento de uma crise social que atinge parcelas elevadas da população.
Impulsionados pelos Estados Unidos, os gastos mundiais dos países, em guerras, chegaram ao recorde de US$ 2,46 trilhões (R$ 14,25 trilhões) durante 2024, conforme estudos do respeitadíssimo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS). Os gastos mundiais em 2024 foram superiores em 7,4% ao ano de 2023.
Do total de US$ 2,46 trilhões, exatos US$ 1,1 trilhão vieram dos cofres norte-americanos. Nessa escalada, a destinação mundial de dinheiro para o militarismo, majoritariamente para alimentação das guerras, é bem maior maior que o total do PIB do Brasil, estimado pelo IBGE em US$ 1.8 trilhão.
E se alguém tem a perspectiva de que Donald Trump tenha a intenção de reduzir essa gastança infernal com as guerras, pode recolher suas esperanças. Em 22 de janeiro, durante uma coletiva de imprensa, a chefe da diplomacia da Uinião Europeia, Kaja Kallas, saudou efusivamente o presidentre norte-americano, relembrando posições anteriores assumidas pelo dirigente norte-americano durante a campanha e também após a posse, de que “os países da UE não gastam o suficiente com defesa.”
-“Trump está certo quando diz que não gastamos o suficiente. É hora de investir. E os Estados Unidos devem continuar sendo “o aliado mais forte” da Europa.”
Em 2024 os Estados Unidos repetiram o gasto de US$ 1 trilhão com militarismo e sustentação de guerras e o ritmo americano deve continuar neste ano de 2025.
Na outra ponta da nossa desesperançosa realidade, o mundo se encontra bastante distante de atingir as metas dos Objetivos do Milênio, como amparar crianças de desnutrição e morte, e acabar com a desgraça de milhões e milhões de pessoas que a cada ano são levadas à fome e à pobreza extrema.
Estudos sugerem que entre 176 bilhões e um máximo de 3,97 trilhões de dólares seriam necessários para, até o ano de 2030, eliminar a subnutrição global. O dinheiro gasto com guerras, vê-se aí, daria para cumprir essa urgente missão e ainda sobraria dinheiro para continuar investindo no ser humano.
Por José Osmando