Parece haver um esforço do Comitê de Política Monetária (COPOM), do Banco Central, em colocar as taxas oficiais de juros do Brasil entre as mais elevadas do planeta. Parece até uma competição que saiu das mãos do poderoso Roberto Campos Neto, para o comando de Gabriel Galípolo, um executivo nomedo pelo Presidente Lula, sob a esperança de que na mudança de comando mudasse também a política fixada pelo Banco Central. Puro engano.
Agora dirigido por Galípolo, nada mudou para melhor na condução das taxas de juros que, nas alturas como estão, têm o nefasto poder de inibir o crescimento da economia brasileira, que vinha apresentando sinais esperançosos de recuperação, com a indústria voltando a se movimentar de maneira expressiva, conquistando níveis significativos de renovação tecnológica, o desemprego caindo, salários aumentando e as famílias aumentando sua capacidade de consumo.
Agora, sabe-se que o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está indo ocupar um importante cargo de chefia, como vice-presidente de políticas públicas do grande banco Nubank, sem nenhuma obrigação de cumprir quarentena que o impedisse de se bandear para o lado privado apenas quatro meses depois de deixar uma instituição pública como o BC.
A afinidade de Campos Neto com o setor financeiro privado não é novidade, pois antes de ir para o BC, ele passou mais de vinte anos como um tesoureiro de elite de outro grande banco particular. Assim, ele retorna ao berço de origem, depois de ter fragilizado as políticas públicas governamentais e os setores de produção brasileiros de maneira deplorável.
O pior de toda essa história, é que Gabriel Galípolo, que despontava como um farol de esperança para o mercado produtivo de que as taxas de juros baixariam e que teriam o efeito de estimular a produção, o emprego e os investimentos, tornou-se um mero repetidor das políticas comandadas por Campos Neto, um espécie de robô movido a controle remoto pelo mercado financeiro especulativo que, como se prova a cada dia, é quem de fato manda no Banco Central do Brasil.
Com a elevação em mais 0,5 de pontos percentuais determinada ontem pelo Copom, os juros oficiais do Brasil subiram para 14,75%, impondo a sexta elevação seguida, uma prática de aumento que havia retornado em agosto de 2024.
O grupo de executivos que compõe o Copom consegue colocar a taxa Selic (nossos juros oficiais, reguladores do resto do mercado financeiro) como o terceiro maior entre todos os países do mundo, superado apenas por Turquia e Rússia, e impõe ao nosso país a mais elevada taxa dos últimos dos últimos 19 anos.
Só em 2006 os juros estiverem nesse patamar de agora. Com o Banco Central atuando dessa forma e um desequilíbrio institucional reinante nas relações do Congresso com o Governo, fica impossível imaginar que o país possa se desenvolver em paz, prosperar, sendo capaz de reduzir cruéis desigualdades e injustiças dominantes.
Por José Osmando