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Ante o silêncio de Trump, Lula assume Mercosul indicando opção pela Ásia | José Osmando

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O presidente Lula assumiu ontem, em Buenos Aires, o comando da Cúpula do Mercosul, o mais importante núcleo de diplomacia e negócios da região, tendo como responsabilidade maior sediar no Brasil a Conferência de Clima da ONU ( a COP30), marcada para novembro em Belém, e concluir o acordo com a União Europeia, uma negociação que se arrasta desde 2019.

A assunção do Presidente Lula ao comando do Mercosul – que sai das mãos do presidente argentino Javier Milei após passar por período de movimentação positiva próxima de zero-, num momento difícil e apreensivo das relações com os Estados Unidos, em razão dos posicionamentos frequentes do presidente Donald Trump, marcantemente  no que diz respeito à sequência de taxações tributárias que o dirigente norte-americano tem imposto ao mundo.

E a fala de Lula logo após chegar ao posto, ontem, vem recheada de indicativos de que o Brasil e o Mercosul não estão nada satisfeitos com as práticas diplomáticas e comerciais ditadas por Trump.

Se focarmos na manifestação que ele faz em referência à Ásia, veremos que deverá haver um encaminhamento do Brasil e do importante grupo regional em direção ao Japão, China, Coreia, Índia, Vietnã e Indonésia (citadas nominalmente em seu discurso), pela  compreensão  de que esses se tornaram “o centro dinâmico da economia mundial.” 

E foi muito claro quando afirmou que que “nossa participação” nas cadeias globais de valor muito se beneficiará de maior aproximação com esses importantes países asiáticos. Em nenhum momento citou os Estados Unidos. Esse gesto, que não parece nem um pouco um lapso de memória, mas um possível recado ao presidente Trump, tem uma razão de ser. 

Em abril último, o dirigente americano, na sua série cinematográfica de tarifas impostas ao mundo, anunciou um “tarifaço” sobre dezenas de países, entre eles o Brasil, que foi taxado em 10% sobre os produtos que exporta para os Estados Unidos.

Poucos dias após essa decisão que gerou alvoroço na economia dos países, Trump adiou a aplicação de tarifas acima de 10% por mais 90 dias, com o Brasil permanecendo pagando os 10%, deixando a China de fora. O prazo dado por Trump foi até 9 de julho, que expira na próxima semana.

Ao fazer isso, Donald Trump deu aos países afetados a possibilidade de apresentarem propostas de negociação que pudessem levar a um possível acordo. 

O Governo Lula atendeu a esse propósito do dirigente norte-americano, e enviou uma carta com proposta comercial à Casa Branca. Foi um trabalho desenvolvido arduamente entre o governo e o Itamaraty junto aos assessores dos Estados Unidos, conduzido pessoalmente pelo Vice-Presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmim.

Mas, passados dias da proposta comercial brasileira e vendo aproximar-se o prazo final dado por Trump (9 de julho), às autoridades do país estão vivendo com o incômodo silêncio imposto por Trump, naquele dilema do “não ata e nem desata”. 

Esse tom permanente de ameaça a que Donald Trump submete  o mundo, e nesse caso particular ao Brasil e ao Mercosul, parece ter uma resposta subliminar contida nessa manifestação de Lula no seu discurso de hoje:” Entrar no Mercosul nos protege. Nossa Tarifa Externa Comum nos blinda contra as guerras comerciais alheias aos nossos interesses”, disse Lula, talvez, também, numa resposta ao presidente argentino Javier Milei, que fez manifestações públicas contrárias ao  Mercosul, cumprindo seu discurso de extrema direita de querer agradar ao ídolo Donald Trump.

Lula falou em temas importantes como o fortalecimento do comércio com parceiros externos legítimos e na necessidade de ampliar mercados e diversificar parcerias. E citou o acordo recém-celebrado do Mercosul com a União Europeia e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), estabelecendo relações mútuas com Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.

Voltando à liderança do Mercosul, Lula trouxe outras lutas significativas à pauta dos trabalhos nos países da região, como o enfrentamento corajoso e vigoroso às questões climáticas, adotando por cada um e pelo conjunto dos países, medidas capazes de interromper a destruição ambiental, recuperar o que foi devastado e trabalhar com seriedade e foco no combate ao negacionismo climático que tem assolado o mundo e encontra respaldo em dirigentes que se postam como líderes. 

E nessa pauta, citou a necessidade de também fortalecerem a luta no combate às organizações criminosas que têm atuado com cada vez maior frequência e força em ações delituosas graves, sobretudo no terreno do narcotráfico e da exploração ilegal de minerais, notadamente na vasta e rica região amazônica.

Por José Osmando

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