Recentemente, no Rio de Janeiro, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) promoveu o I Fórum Nacional do Esporte Seguro, onde figuras eminentes do esporte compartilharam suas vivências e sublinharam a importância de um ambiente esportivo saudável. Entre os participantes, estavam as ginastas Jade Barbosa e Angelica Kvieczynski, e Gabriel Campolina, do taekwondo, que contribuíram com uma mesa redonda intitulada “Voz dos atletas”. Esses atletas relataram experiências impactantes de suas carreiras e destacaram a importância de investimentos na prevenção de situações de insegurança e na promoção de respostas adequadas a desvios éticos.
Angelica Kvieczynski, participando de forma online, abordou mudanças necessárias na cultura de treinamento, alertando para questões ligadas ao controle de peso, intensidade dos treinamentos e pressões excessivas das comissões técnicas. Ela relatou que, após falar sobre os abusos sofridos, enfrentou críticas severas e sentiu-se excluída. Apesar disso, Angélica encontrou no apoio do COB e em programas como o de transição de carreira, uma nova oportunidade de atuar como treinadora de ginástica rítmica na Irlanda. Ela destacou a efetividade de uma metodologia de treinamento livre de abusos, ressaltando seu papel em reestruturar a ginástica rítmica irlandesa com resultados positivos.
Jade Barbosa também trouxe à tona as dificuldades enfrentadas ao longo de sua trajetória esportiva, mencionando a falta de diálogo e compreensão das comissões técnicas. Ela contou um episódio em que ocultou de seu pai uma internação por cálculo renal devido à insegurança do ambiente esportivo. Jade acredita que se houvesse mais apoio emocional e diálogo durante sua carreira, seus resultados poderiam ter sido ainda melhores. Seu depoimento ressaltou a importância de um ambiente esportivo mais acolhedor e respeitoso.
Gabriel Campolina, por sua vez, compartilhou uma experiência recente de racismo ocorrida fora das arenas esportivas, em uma estação de metrô em São Paulo. Ele refletiu sobre como as atitudes que adotamos em momentos críticos podem influenciar nossas trajetórias futuras. Para Gabriel, manter uma postura positiva e evitar reações agressivas é fundamental para não afetar sua carreira de atleta. Seguindo conselhos maternos, ele conseguiu transformar a adversidade em uma oportunidade para crescer pessoal e profissionalmente.
Além dos relatos comoventes dos atletas, o Fórum contou com palestras de renomados especialistas internacionais, como Kirsty Burrows, do Comitê Olímpico Internacional (COI), e Mônica Rivera e Hannah Hinton, do U.S. Center for SafeSport. Estas apresentações trouxeram insights sobre proteção e saúde mental, educação e desenvolvimento organizacional no âmbito esportivo.
Iniciativas como o Programa Esporte Seguro (PES) do COB são cruciais para fomentar uma cultura de prevenção e enfrentamento de abusos no esporte. O PES, por exemplo, implementou cursos de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e Abuso no Esporte, além de ações contra o racismo e medidas como verificação de antecedentes criminais, Canal de Ouvidoria e Ética, e palestras educativas. Esses esforços são obrigatórios para atletas e membros das delegações do Time Brasil, e estão alinhados com a missão do COB de proteger todos os envolvidos no esporte.
Eventos como o Fórum Nacional do Esporte Seguro não apenas evidenciam desafios enfrentados pelos atletas, mas também reforçam a importância de políticas públicas e estratégias de longo alcance para garantir um ambiente esportivo mais seguro e inclusivo para todos.
Com informações do Comitê Olimpico do Brasil
Legenda Foto: COBDurante Fórum Esporte Seguro, atletas compartilham experiências e mostram a importância de um ambiente esportivo saudávelGinastas Jade Barbosa e Angelica Kvieczynski, e Gabriel Campolina, do taekwondo, participaram da mesa redonda “Voz dos atletas” no evento do COB nesta terça, 03Atletas Jade Barbosa e Gabriel Campolina relatam experiências no Fórum Nacional do Esporte Seguro – Foto: Bruno Lorenzo/COBTagsInstituto Olímpico BrasileiroEsporte SeguroNavegue por tópicosA voz dos atletas é fundamental na criação de um ambiente esportivo seguro. Por isso, o I Fórum Nacional do Esporte Seguro, promovido pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), no Rio de Janeiro, nesta terça, 03, contou com presença de Jade Barbosa, da ginástica artística; Angelica Kvieczynski, da ginástica rítmica, e Gabriel Campolina, do taekwondo, que sofreram situações de violência e mostraram indiretamente como os investimentos para prevenir as situações de insegurança e reconhecer e responder aos desvios éticos são extremamente importantes.Angélica e Jade tocaram em pontos muito importantes sobre a mudança da cultura de treinamento dentro da modalidade, principalmente com questões relacionadas ao peso, quantidade de treinamento e exigências por parte de integrantes da comissão técnica. E das críticas que sofreram por falarem sobre viverem um ambiente insegurança para a prática esportiva.“O COB me ajudou muito, tem um programa lindo que é o de transição de carreira. Atualmente, sou treinadora de ginástica rítmica na Irlanda. Ver o brilho nos olhos das minhas atletas de tentar ser a melhor atleta do país, de chegar a uma seleção não tem preço. Hoje eu tenho foco em não replicar nada do que aconteceu comigo. Não foi fácil falar com elas, foi muito difícil. Acabei ficando triste depois de falar. Recebi muitas críticas dizendo que eu queria aparecer, queria mídia, pessoas do meio dizendo que eu queria acabar com a minha modalidade. Em algum momento me senti excluída. Senti falta de um acolhimento das instituições envolvidas, de traçar uma estratégia para que isso não se repetisse, que nenhuma menina mais fosse agredida. O sentimento era que o que eu fiz não tinha mais valor. Agora, estou fazendo um projeto de reestruturação da Ginástica Rítmica na Irlanda nos últimos dois anos. Estou provando que ter uma metodologia sem abuso dá resultado. Sou uma mulher, tenho meus instintos maternos e quero prover o melhor para minhas atletas”, contou Angélica, que participou de maneira online.“Vim de um clube que tinha um olhar mais individualizado, era como uma família. Quando cheguei na seleção, era uma outra realidade. Não existia o compromisso de ter um diálogo. Nós conquistamos isso. Eu também ouvi, assim como a Angélica, que eu queria acabar com a minha modalidade, que eu poderia ter feito de outra maneira. Eu escondi do meu pai que eu tinha tido cálculo renal e estava internada num hospital longe da minha família. Passamos por muita coisa ao longo desse tempo, mas hoje vemos que estamos no caminho certo. Acredito que se tivesse todo esse carinho que temos hoje durante toda a minha carreira, talvez os meus resultados fossem ainda melhores”, completou Jade. Gabriel viveu há alguns meses uma situação de violência fora do ambiente esportivo, mas que, segundo ele, poderia ter influenciado em toda sua carreira caso tivesse tido alguma atitude diferente da que teve. Ele foi vítima de racismo numa estação de metrô em São Paulo.“Tive que olhar pra frente para que essa situação não atrapalhasse o que eu quero ser. Eu quero ser campeão mundial, campeão olímpico e eu sei que se eu reagisse de uma maneira errada, isso iria atrapalhar meu futuro. Se eu tiver um temperamento negativo, um temperamento agressivo, eu vejo que eu também vou agir em casa, no treino. Os pensamentos que me dominaram naquela hora não podem me dominar sempre. Por conta dessa situação, eu fui parar na televisão, mas me tornei conhecido por ser atleta. Consegui reverter essa situação. Hoje, me tornei a pessoa brincalhona, comunicativa que eu sempre quis. Segui o conselho da minha mãe: olhe para frente e para o alto”, contou.Além dessa mesa redonda, o Fórum contou com apresentações de grandes palestrantes internacionais como Kirsty Burrows, líder da Unidade de Esporte Seguro do Comitê Olímpico Internacional (COI), que abrange as áreas de proteção e saúde mental; Mônica Rivera, vice-presidente de Educação e Pesquisa, e Hannah Hinton, vice-presidente de Desenvolvimento Organizacional e Compliance, ambas do U.S. Center for SafeSport; e Havard B. Ovregard, conselheiro sênior do Comitê Olímpico e Paralímpico Norueguês e da Confederação de Esportes da Noruega desde 2007.O Programa Esporte Seguro no COBO Programa Esporte Seguro (PES) visa tornar o esporte um lugar seguro para todas e todos, contribuir para uma cultura de prevenção, reconhecimento, enfrentamento e adoção de boas práticas no ambiente esportivo, conforme a legislação vigente. A implementação de princípios gerais de segurança, bem como a busca por prover um ambiente seguro, acolhedor e respeitador, é essencial. Para o COB, proteger tanto atletas quanto todos os envolvidos com o esporte deve ser uma missão constante.Os cursos de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e Abuso no Esporte, com a edição para adultos, lançada em março de 2020, e a edição Abuso e Assédio Fora de Jogo – para jovens, desde fevereiro de 2021, e o Curso Esporte Antirracista: Todo Mundo Sai Ganhando, inaugurado em abril de 2021, foram obrigatórios para atletas e membros de delegação que participaram dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 e seguem para todas as demais missões do Time Brasil. O PES também está presente em todos as Missões do Time Brasil, com oficiais de salvaguarda, verificação de antecedentes criminais, Canal de Ouvidoria e Ética e palestras educativas presenciais e online.TagsInstituto Olímpico BrasileiroEsporte Seguro