A Educação é um tema que, atualmente, passa por diversas transformações e adaptações para atender às demandas da sociedade. Nesse contexto, a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), localizada em Mato Grosso do Sul, se destaca por abrigar cerca de 800 alunos indígenas, representando aproximadamente 15% do total de estudantes da instituição.

Esses alunos trazem consigo um conhecimento ancestral, fruto de gerações passadas e aprendido com as mestras de seus povos. É o caso de Sônia Pavão, uma indígena do povo guarani, que cresceu em meio à natureza, tendo a mata como sua farmácia pessoal. Para ela, as plantas do cerrado têm usos medicinais tradicionais que a ajudam a tratar diversos males, demonstrando a riqueza do conhecimento indígena.

Apesar das dificuldades enfrentadas na infância, Sônia superou desafios e se formou em ciências da natureza, pela Faculdade Intercultural Indígena (Faind) da UFGD. Sua jornada acadêmica não parou por aí, e hoje ela está cursando um doutorado em geografia, buscando aliar seus saberes tradicionais com a pesquisa acadêmica.

A UFGD se destaca por ser uma instituição singular, que abriga a Faculdade Intercultural Indígena, voltada para o ensino e pesquisa sobre os povos originários brasileiros. Nesse ambiente, a língua guarani é utilizada nas conversas entre os alunos, e a cultura indígena está presente em toda a estrutura física da universidade.

A troca de conhecimentos entre os alunos indígenas e não indígenas é valorizada pela UFGD. O reitor da instituição destaca a importância de desmontar conceitos estabelecidos e permitir que a ciência conviva e se enriqueça com os saberes tradicionais dos povos indígenas.

Além disso, a universidade busca se adaptar à realidade dos estudantes, oferecendo cursos na modalidade da “pedagogia da alternância”, que permite aos alunos que residem em aldeias distantes participarem das aulas de forma presencial e remota. As instalações da Faind incluem uma casa de reza guarani, onde são realizados rituais religiosos, demonstrando o respeito e valorização da cultura indígena.

Recentemente, três alunos indígenas da UFGD foram selecionados para um intercâmbio de seis meses na França, promovido pela embaixada francesa no Brasil. Essa oportunidade não apenas enriquece a experiência acadêmica dos estudantes, mas também amplia a visibilidade e valorização dos povos indígenas no cenário internacional.

Dessa forma, a presença dos alunos indígenas na UFGD não apenas enriquece a universidade, mas também contribui para a construção de uma sociedade mais inclusiva, diversa e respeitosa com as diferentes culturas e saberes. A troca de conhecimentos e experiências entre indígenas e não indígenas fortalece o diálogo intercultural e promove a valorização da diversidade étnica e cultural do Brasil.

Com informações da EBC
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