Há uma década, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) inaugurou a primeira turma da Licenciatura em Letras com foco no ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras). No intuito de celebrar os dez anos de formação de profissionais qualificados em Letras-Libras, a coordenação está organizando a segunda edição do Congresso Internacional de Estudos em Linguística de Línguas de Sinais (Internellis), que ocorrerá do dia 24 ao dia 27 deste mês.
O Internellis terá a presença de palestrantes nacionais e internacionais e iniciará com a oferta de minicursos no bloco de Letras-Libras da Faculdade de Letras (FALE), localizada no Campus A.C. Simões. A abertura oficial do congresso está marcada para o dia 25, no auditório da Reitoria, seguida pelo Festival de Cultura Surda (Surday) na boate Rex.
Durante o Dia da Pessoa Surda, celebrado em 26 de setembro, o Internellis dará continuidade à sua programação com um evento gratuito realizado pelo Centro de Atendimento à Pessoa Surda, oferecendo oficinas de Libras e palestras. No último dia do congresso, haverá uma mesa de discussão sobre a realidade dos cursos de Letras-Libras no Brasil, além de palestras de encerramento.
A graduação em Letras-Libras da Ufal foi estabelecida em conformidade com o Decreto nº 5.626/05 e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), com o objetivo de promover e disseminar conhecimentos específicos sobre Libras nas áreas de língua, literatura e cultura. O curso faz parte de uma política nacional bilíngue de incentivo ao uso e divulgação da Libras, visando aprimorar a educação da pessoa surda.
O professor Humberto Neto, coordenador de Letras-Libras da Ufal, destaca o impacto do curso na comunidade surda, tanto dentro quanto fora da universidade, em âmbito local e nacional. Atualmente, existem cerca de 30 cursos semelhantes nas instituições federais de todo o país. Essa expansão é resultado de uma política que reconheceu a importância da língua de sinais e de seus falantes no ambiente acadêmico e científico, ressaltando o Programa Viver Sem Limites do Governo Federal.
Para homenagear os dez anos do curso, o Núcleo de Criação da Assessoria de Comunicação da Ufal desenvolveu um selo comemorativo e uma marca específica para Letras-Libras, criados pelo designer Daniel Aubert. Esses elementos serão utilizados em todas as ações relacionadas à licenciatura.
Desde a sua criação, a Ufal recebeu aproximadamente 60 alunos surdos na graduação, 18 na pós-graduação e contou com oito docentes surdos, incluindo alguns egressos da própria universidade. O campo de estudos e trabalho nessa área é vasto e requer uma formação contínua para acompanhar os avanços no ensino de Libras como primeira língua para crianças surdas e como segunda língua para interessados.
Apesar dos avanços, o professor Humberto destaca a necessidade de mais esforços na educação básica, mencionando que a disciplina de Libras ainda não faz parte do currículo da maioria das escolas do país. Além disso, a aquisição da Libras como primeira língua ainda não é politicamente eficaz, resultando em atrasos significativos na vida acadêmica da população surda. Portanto, o próximo passo é promover mais espaços para o ensino de Letras-Libras.
A formação na Licenciatura Plena em Letras-Libras envolve práticas e engajamentos com atividades oferecidas continuamente pela Ufal aos alunos. O curso estabeleceu convênios com as secretarias de educação municipal e estadual, possibilitando estágios obrigatórios e outros projetos voltados para a educação de pessoas surdas. A Ufal também participou do Inventário Nacional da Libras em parceria com a UFSC e firmou parceria com o Instituto de Computação para o desenvolvimento de aplicativos de acessibilidade, como o Tatu e o Loodus.
A universidade também realizou intercâmbios com diversas instituições nacionais e internacionais, proporcionando trocas de experiências com universidades renomadas, como a Universidade de Colonia na Alemanha, a Universidade do Texas e de Connecticut nos Estados Unidos, e a Universidade de Amsterdam na Holanda.
Além do Internellis, a coordenação do curso de Letras-Libras da Ufal promoveu diversos eventos em parceria com diferentes agentes, como a Associação Brasileira de Linguística, a Uninassau, o Centro de Atendimento ao Surdo e os estudantes de Pedagogia, ao longo desses dez anos de atuação. Essa jornada foi marcada por conquistas e avanços na formação de futuros docentes da área em Alagoas.
Com informações e fotos da UFAL