Por Arthur Goes
Alagoas segue na lista dos 12 estados brasileiros em que há mais beneficiários do Bolsa Família do que pessoas com carteira assinada. O dado, extraído do painel do Novo Caged e cruzado com informações do Ministério do Desenvolvimento Social, revela um sinal claro de desequilíbrio estrutural — o estado forma cidadãos dependentes do governo, mas não gera empregos suficientes para sustentá-los de forma autônoma.
Em maio de 2025, o programa federal atendeu 533.100 famílias alagoanas, enquanto o número total de empregos formais no setor privado não passou de 454.659. Na prática, há mais pessoas recebendo benefício assistencial do que trabalhando com carteira assinada.
Principais municípios alagoanos atendidos pelo programa
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Maceió: 106.843 famílias
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Arapiraca: 29.917
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Palmeira dos Índios: 14.665
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Penedo: 13.285
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Rio Largo: 13.278
Crescimento instável do emprego formal em Alagoas
O mercado de trabalho formal em Alagoas vive um momento de oscilação preocupante. Em 2024, o estado surpreendeu positivamente ao criar 20.057 novas vagas com carteira assinada, o que representou um crescimento de 4,5% no estoque de empregos formais. No entanto, em 2025, essa trajetória foi revertida.
Nos quatro primeiros meses deste ano, Alagoas perdeu 11.600 postos de trabalho formais, acumulando uma retração de 2,49%, segundo dados do Novo Caged. O cenário mostra uma economia sensível a sazonalidades e carente de estabilidade estrutural.
Em abril, houve uma pequena reação positiva, com saldo de 414 empregos formais no estado. O resultado foi puxado principalmente por três setores:
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Serviços: +1.228 vagas
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Construção civil: +798 vagas
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Comércio: +405 vagas
Por outro lado, o setor industrial, historicamente um dos motores do desenvolvimento, segue em queda. Só em abril, foram 1.883 postos de trabalho fechados, mantendo uma tendência negativa que se repete mês a mês desde janeiro. A pior marca foi registrada em março, com 6.889 vagas perdidas.
No acumulado de 2025, a indústria alagoana já eliminou 14.265 empregos com carteira assinada, representando aproximadamente 18,41% de todos os desligamentos registrados em Alagoas no período.
Mesmo com desempenhos positivos nos setores de serviços (+3.823 vagas) e construção civil (+1.636 vagas) ao longo do quadrimestre, esses avanços não foram suficientes para compensar a retração dos demais setores, especialmente da indústria e agropecuária.
O resultado é um mercado de trabalho que cresce em nichos, mas recua no todo, refletindo a fragilidade da base produtiva alagoana.

Destaques entre os municípios alagoanos em
A capital, Maceió, foi o município com o melhor desempenho no ano, com +3.628 novas vagas. O estoque atual de empregos formais na cidade é de 253,769 mil postos. Também tiveram saldo positivo:
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Palmeira dos Índios: +709 vagas
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Arapiraca: +690 vagas
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Capela: +137 vagas
- Delmiro Gouveia: +133
- Viçosa +45 vagas
- Satuba: +32
Comparativo nacional: o Norte e Nordeste dominam a lista
Alagoas integra uma lista de 12 unidades da federação com mais famílias no Bolsa Família do que trabalhadores formais. Todas estão no Norte e Nordeste. Entre os estados com maior disparidade estão:
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Maranhão (1,2 milhão de famílias no programa e apenas 669 mil empregos)
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Piauí, Pará, Pernambuco e Bahia, todos com déficit significativo entre trabalho formal e dependência social
No outro extremo está Santa Catarina, onde há 11 trabalhadores formais para cada beneficiário. Um retrato de um modelo de desenvolvimento baseado em produção, inovação e autonomia — e não em transferência de renda.
Os 12 estados onde o Bolsa Família supera os empregos formais:
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Maranhão
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Piauí
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Ceará
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Rio Grande do Norte
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Paraíba
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Pernambuco
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Alagoas
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Sergipe
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Bahia
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Pará
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Amapá
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Acre
Assistência é necessária, mas não suficiente
O Bolsa Família cumpre um papel importante no combate à fome e à miséria. No entanto, quando o número de dependentes supera o de trabalhadores, acende-se um alerta sobre a real capacidade de crescimento do estado.
O modelo atual, sustentado por transferências federais e políticas emergenciais, não estimula a geração de riqueza, nem o fortalecimento da iniciativa privada. Alagoas, ao depender mais do Estado do que do trabalho produtivo, reproduz um ciclo de estagnação social e econômica, alimentando a dependência e esvaziando a meritocracia.
Menos estado, mais liberdade econômica
Se quiser sair da lista dos mais assistidos e figurar entre os mais produtivos, Alagoas precisa reduzir a burocracia, atrair investimentos privados, qualificar mão de obra e fortalecer o empreendedorismo.
A prosperidade de uma sociedade se mede pela quantidade de pessoas que produzem — e não apenas pelas que recebem. O Estado deve amparar quem precisa, mas deve, acima de tudo, criar condições para que as pessoas não precisem dele para sempre.