Com uma profunda carga poética e crítica, a obra da artista Simone Freitas se materializa na sua nova exposição, “Entre o mar e o sertão, tem o mangue”, que será inaugurada no dia 15 de julho, às 19h, na galeria do Complexo Cultural Teatro Deodoro. Este será o 113º evento de arte da galeria e a terceira exposição individual de Freitas. A mostra apresenta um conjunto inteiramente novo de obras que, por meio da pintura, transmitem paisagens simbólicas do Nordeste do Brasil, abrangendo locais como o sertão, o mangue e o mar. Ao invés de abordar esses espaços de forma literal, Simone convida o público a uma leitura sensível e afetiva, onde as memórias, os contrastes e as disputas desses territórios ganham vida.
Simone, que se considera uma artista autodidata, compartilha sua trajetória: “Comecei a minha jornada artística pintando vitrines e reaproveitando papéis que estavam prestes a ser descartados. O que começou como um hobby se transformou na minha profissão após conquistar meu primeiro cliente”. Sua formação acadêmica em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) também influencia seu trabalho criativo.
O projeto da exposição é cuidadosamente curado por Iranei Barreto, acompanhada pela expografia de Daniel Cavalcante e pela identidade visual de Weber Bagetti. A realização do evento é viabilizada por meio da Lei Aldir Blanc, recursos provenientes do Governo Federal e gerenciados pelo Governo de Alagoas, através da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa.
As obras de “Entre o mar e o sertão, tem o mangue” são uma expressão do gestual artístico de Simone, que cria composições subjetivas e sensoriais, revelando a complexidade dos ecossistemas alagoanos. Suas cores vibrantes e sobreposições transmitem não apenas a essência de paisagens externas, mas também as internas, moldadas pelas vivências e memórias da artista. Ela destaca: “Essas memórias afetivas me inspiraram a criar uma série que flutua entre o cotidiano e lembranças que nos conectam a momentos e espaços significativos”.
Além de oferecer uma experiência estética, a exposição provoca reflexões sobre a interconexão entre natureza, urbanização e sociedade. Simone señala a importância desta relação e critica as mudanças ambientais decorrentes de planejamentos urbanos inadequados: “O rio, o sertão e o mangue não são apenas elementos físicos, mas são vidas, caminhos e lares que refletem a fragilidade do nosso meio ambiente.”
A curadora Iranei Barreto também ressalta a sensibilidade presente nas obras de Freitas, mencionando como elas promovem uma desconstrução da paisagem, promovendo uma revalorização dos vínculos com a ancestralidade e a natureza. A artista convida o público a um convite à reflexão sobre o espaço que habita, propondo uma escuta mais atenta e cuidadosa.
Esta exposição marca a continuidade da trajetória artística de Simone Freitas, que teve sua estreia em 2018 com “Através do a(mar)”, no Museu da Imagem e do Som de Alagoas. Desde então, a artista participou de diversas exposições coletivas e feiras, tanto nacional como internacionalmente, afirmando sua presença no cenário artístico contemporâneo.
A exposição “Entre o mar e o sertão, tem o mangue” se revela assim não apenas como um manifesto visual, mas como uma invocação para que o público explore novas formas de habitar o mundo, reconectando-se com a identidade e os desafios de suas paisagens naturais.
A mostra estará aberta ao público até 15 de agosto de 2025, com entrada gratuita, e será um convite a todos para uma nova leitura dos espaços que nos cercam.
Com informações e fotos da Secult/AL