A cidade de São Paulo ganhou um novo ponto de destaque em seu cenário urbano com o mural de 66 metros criado pela artista Ursa Nath em homenagem à psiquiatra Nise da Silveira. Localizada em um prédio de 20 andares na Avenida Duque de Caxias, a obra intitulada “O Navegar de Nise” celebra o legado da médica alagoana pioneira na revolução antimanicomial.

Com a parceria da Parede Viva e uma equipe de artistas, Ursa Nath retratou Nise da Silveira rodeada por elementos inspirados na expressão artística dos pacientes do Museu do Inconsciente, criado pela própria psiquiatra. A frase marcante “Gente curada demais é chata. Todo mundo tem um pouco de loucura” ressoa na obra e reflete a crítica da artista à pressão social por uma imagem constante de sucesso e bem-estar.

O processo de criação do mural envolveu esboços, pesquisas e fotografias sobre Nise da Silveira e seus pacientes, resultando em uma representação simbólica e impactante. Além da homenagem à psiquiatra, o local escolhido para a obra carrega um simbolismo relevante, ao estar em uma região onde muitas pessoas com transtornos mentais e dependências químicas são marginalizadas.

Apesar dos desafios enfrentados durante a execução do mural, como o medo de altura, calor intenso e chuvas torrenciais, Ursa Nath e sua equipe perseveraram e concluíram a obra de forma emocionante. A artista, formada em Design, tem em sua trajetória diversas exposições e prêmios que reconhecem seu trabalho influenciado pelo graffiti e pelas questões sociais, ambientais e culturais da América Latina.

O projeto contou com o apoio do Governo de Alagoas, evidenciando o orgulho local pela realização do mural em uma das maiores metrópoles do país. A secretária de Estado da Cultura e Economia Criativa de Alagoas destacou a importância do trabalho de Nise da Silveira e a relevância da expressão artística no cuidado com a mente, reforçando a mensagem de transformação social que a arte pode proporcionar.

Nise da Silveira foi uma figura à frente de seu tempo, uma visionária que revolucionou a forma como a saúde mental é encarada. Sua luta contra tratamentos desumanos e sua defesa por políticas antimanicomiais ecoam até os dias atuais, inspirando artistas como Ursa Nath a propagar sua mensagem por meio da arte urbana.

Com informações e fotos da Secult/AL