Uma pesquisa recente trouxe à luz a eficácia dos óleos essenciais no combate a fungos que causam significativas perdas na produção de mamão e laranja. Fungos patogênicos podem levar a perdas de até 50% na produção de mamão e até 40% nas laranjas, especialmente durante o armazenamento e transporte. Os pesquisadores, vinculado a instituições como a Embrapa Meio Ambiente e a Universidade Estadual de Campinas, exploraram o potencial de extratos naturais de orégano, canela, alecrim pimenta e manjericão-cravo como alternativas viáveis aos fungicidas sintéticos.
Esses óleos essenciais foram submetidos a rigorosos testes de laboratório, onde demonstraram uma notável capacidade de inibir o crescimento de fungos nocivos, tais como Phoma caricae-papayae, Fusarium solani e Alternaria alternata. Um dos principais destaques foi o óleo de alecrim pimenta, que conseguiu inibir completamente o crescimento dos patógenos em concentrações relativamente baixas. As propriedades antimicrobianas desses extratos são atribuídas a compostos como carvacrol, timol e cinamaldeído, que desempenham um papel crucial na destruição das membranas celulares dos fungos, levando à sua morte.
Além da notável eficácia dos óleos, uma vantagem adicional é a sua natureza ambientalmente segura. Ao contrário dos fungicidas sintéticos, que têm gerado preocupações relacionadas à saúde e ao meio ambiente, os óleos essenciais são biodegradáveis e possuem baixa toxicidade, sendo muitos deles até considerados seguros para uso alimentar.
Apesar dos resultados promissores em ambientes controlados, o próximo desafio será aplicar esses achados em situações reais de mercado. Os pesquisadores estão prontos para realizar ensaios que simulem as condições de armazenamento e transporte das frutas, visando estabelecer a viabilidade dessas soluções para uso comercial.
A pesquisa não se limita apenas à conservação do mamão e da laranja; ela coloca os óleos essenciais como parte de uma nova abordagem sustentável na agricultura, alinhada ao crescente interesse por práticas livres de resíduos químicos. O uso desses compostos não só poderia reduzir perdas na cadeia produtiva, mas também prolongar a vida útil dos produtos, contribuindo para uma alimentação mais saudável e segura.
A continuidade desse trabalho abre caminhos para potencializar a produção de alimentos de forma mais sustentável, beneficiando tanto os produtores quanto os consumidores. O foco agora é desenvolver formulações que possam ser utilizadas em larga escala, promovendo a integração das soluções naturais na indústria agroalimentar. O futuro parece promissor, com a possibilidade de um setor agrícola mais consciente e conectado às necessidades de um mundo cada vez mais exigente em relação à saúde e ao meio ambiente.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Daniel Terao / Embrapa
