A murcha bacteriana é uma das principais ameaças à produção de tomate na região amazônica, afetando também outras culturas. Um estudo realizado por pesquisadores da Embrapa, Universidade Federal do Amazonas, Universidade do Estado do Amazonas e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia avaliou o potencial de microrganismos isolados dos sedimentos dos rios Solimões e Negro para controlar a Ralstonia solanacearum, bactéria causadora da doença. Dos 36 microrganismos selecionados, três bactérias apresentaram maior capacidade de inibir o crescimento do fitopatógeno nas plantas.
As bactérias isoladas, Priestia aryabhattai RN 11, Streptomyces sp. RN 24 e Kitasatospora sp. SOL 195, demonstraram eficácia em suprimir a Ralstonia solanacearum em porcentagens variadas. Em ensaios realizados durante as estações seca e chuvosa, foi observado que a P. aryabhattai RN 11 conseguiu reduzir a incidência da murcha bacteriana entre 40% e 90%, estimulando o crescimento das plantas afetadas. Já as bactérias Streptomyces sp. RN 24 e Kitasatospora sp. SOL 195 apresentaram altas taxas de sobrevivência e supressão do patógeno no solo, evidenciando seu potencial como agentes de biocontrole.
Além do controle da doença, essas bactérias mostraram a capacidade de produzir enzimas e compostos que promovem o crescimento das plantas. A descoberta de novas espécies de Streptomyces e Kitasatospora reforça a importância da biodiversidade microbiana amazônica como fonte de compostos bioativos e agentes de biocontrole.
O estudo coordenado pelo pesquisador Gilvan Ferreira da Silva destacou a necessidade de futuras pesquisas para explorar o potencial dessas novas espécies, avaliar sua eficácia em condições de campo e compreender os mecanismos moleculares envolvidos na interação planta-microrganismo. Os resultados do estudo representam um avanço significativo na pesquisa com microrganismos, evidenciando o potencial biotecnológico da diversidade microbiana amazônica.
Essas descobertas reforçam a importância de estudar a microbiota da região amazônica, destacando seu potencial na agricultura. O pesquisador Gilvan Ferreira da Silva enfatiza a riqueza da microbiota amazônica como uma fonte valiosa de microrganismos com potencial biotecnológico. Os resultados do estudo foram publicados no periódico “Microorganisms” e reúnem diversos pesquisadores das instituições envolvidas.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Siglia Souza / Embrapa