De acordo com um estudo conduzido por pesquisadores da Embrapa, cerca de 46% das doenças agrícolas no Brasil devem se intensificar até o ano de 2100, afetando diretamente culturas importantes como arroz, soja, café, milho, hortaliças e frutas. As mudanças climáticas têm um papel crucial nesse aumento da severidade das doenças, favorecendo fungos patogênicos e vetores de doenças como pulgões e moscas-brancas.
Com o aumento da temperatura média, que pode ultrapassar os 4,5°C em algumas regiões brasileiras até o final do século, cria-se um ambiente propício para a proliferação de patógenos. Essas alterações climáticas também afetam as chuvas, tornando os períodos mais secos ou intensamente úmidos, o que interfere na dinâmica das doenças nas plantas.
Além dos fungos, as doenças transmitidas por vetores como pulgões, cochonilhas, tripes, moscas-brancas e ácaros também devem aumentar sua importância em todo o país. Com o ciclo de vida desses insetos se tornando mais curto com o calor, e sua longevidade aumentando, as populações desses vetores se tornam mais ativas e presentes durante mais tempo no ano, representando um risco elevado para culturas como batata, banana, tomate, citros e milho.
Os defensivos agrícolas também são afetados pelas mudanças climáticas, com a possibilidade de redução de sua eficácia e a necessidade de ajustes nas estratégias de controle fitossanitário. Diante desse cenário, a busca por alternativas como os biopesticidas tem sido impulsionada, com o Brasil se destacando como líder nesse mercado.
Para lidar com essa situação, os especialistas recomendam uma ação coordenada entre pesquisa, políticas públicas e agricultores. A análise de risco, prevenção, adaptação e fortalecimento da vigilância fitossanitária são medidas de curto prazo sugeridas, juntamente com a integração de diferentes tecnologias de manejo e o uso de agentes biológicos para o controle de doenças.
Em suma, o estudo alerta para a urgência de se adaptar às mudanças climáticas no campo, visando garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor agrícola. A ciência e a adaptação são apontadas como os principais caminhos para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e proteger as plantações no Brasil.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Flávio Martins Santana / Embrapa