Em uma parceria inédita, a Embrapa e associações de criadores estão se unindo para desenvolver uma ferramenta de avaliação genômica que será aplicada nas principais raças leiteiras do Brasil: Holandesa, Gir Leiteiro e Girolando. O objetivo é permitir que os produtores identifiquem os melhores touros Gir Leiteiro para cruzamento com vacas Holandesas, ou vice-versa, visando a obtenção do melhor animal Girolando. A expectativa é que essa ferramenta genômica esteja disponível comercialmente até 2026.
Com foco no aumento da produtividade leiteira, a tecnologia resultante desse projeto poderá impulsionar ainda mais os avanços já obtidos através do melhoramento genético. A iniciativa visa avaliar as características de produção de leite em até 305 dias, bem como a idade ao primeiro parto. O desafio dos pesquisadores é conectar a imensa base de dados dos programas de melhoramento de cada raça, considerando que a raça Holandesa possui mais de dois milhões de bovinos registrados apenas no Brasil.
Além disso, o programa do Gir Leiteiro conta com cerca de quatro décadas de registros, enquanto o programa de melhoramento do Girolando foi iniciado em 1997, acumulando centenas de milhares de dados. Com a nova ferramenta em desenvolvimento, espera-se que os produtores possam otimizar a composição de seus rebanhos, visando um alto potencial de ganho econômico.
Os avanços no melhoramento genético têm impactado diretamente a produção de leite, com aumentos significativos na eficiência das raças ao longo das últimas décadas. Através de parcerias entre instituições públicas e privadas, como associações de criadores e a Embrapa, o Brasil se tornou um dos maiores produtores de leite no mundo. Em 2023, o país produziu 35,4 bilhões de litros de leite, com um rebanho de 15,7 milhões de vacas ordenhadas, números muito superiores aos registrados no início da década de 1980.
Os presidentes das associações de criadores destacam os resultados positivos obtidos com os programas de melhoramento genético de cada raça. O Gir Leiteiro, por exemplo, viu sua média de produção leiteira mais que dobrar em quase 40 anos, impulsionada pelo Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro. Já as vacas Girolando aumentaram a produção de leite em torno de 35% na última década.
Com a nova abordagem de avaliação genômica multirracial, pretende-se ampliar a base genética dos rebanhos, contribuindo para mitigar a endogamia e o risco de defeitos genéticos. A expectativa é que os produtores sejam os principais beneficiados, com acesso a informações precisas que os auxiliem na escolha dos reprodutores e raças mais adequados às necessidades de seus rebanhos.
Os ganhos obtidos com o desenvolvimento dessa ferramenta não devem se limitar ao mercado nacional. A exportação de tecnologia para outros países, aliada à colaboração internacional e ao intercâmbio de recursos genéticos, pode promover avanços significativos na criação de gado leiteiro em escala global. Em resumo, o trabalho conjunto entre Embrapa, associações de criadores e o setor produtivo pode representar um marco na evolução da produção leiteira no Brasil e no mundo.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: José Renato Chiari / Embrapa