O cultivo da pimenta-do-reino em árvore leguminosa como a gliricídia tem se mostrado uma alternativa vantajosa para os produtores, resultando em redução de custos e melhoria na qualidade do produto. Comparado ao sistema convencional com estacas de madeira, o uso da gliricídia reduz o consumo de água e energia pela metade. Além disso, as podas da gliricídia, com a incorporação da biomassa no solo, contribuem para melhorar a qualidade e vida do solo, aumentando o teor de matéria orgânica.

A técnica do “sistema de produção da pimenta-do-reino em tutor vivo” utiliza a gliricídia como suporte para o crescimento da pimenteira, resultando em uma redução de até 46% nos custos de implantação por hectare. Além disso, a gliricídia contribui para a fixação de nitrogênio do ar, o sequestro de carbono e o enriquecimento do solo. Esses resultados foram apresentados em estudos conduzidos pela Embrapa e serão compartilhados na COP 30, em novembro deste ano.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de pimenta-do-reino, e o estado do Pará se destaca nessa produção. Com a utilização da gliricídia como tutor vivo, os produtores conseguem economizar significativamente nos custos de implantação, permitindo a adoção de tecnologias como a irrigação, essencial em períodos de déficit hídrico. Além disso, a demanda hídrica no cultivo da pimenteira-do-reino na gliricídia é menor do que no sistema tradicional, resultando em uma redução de mais de 50% no custo da irrigação.

O uso da gliricídia como tutor vivo também traz benefícios ambientais, contribuindo para a conservação de recursos florestais e melhorando as propriedades físicas e químicas do solo. Além disso, a qualidade da pimenta-do-reino produzida nesse sistema é superior, com maior densidade e teores mais elevados de piperina, o composto bioativo responsável pela ardência do produto.

A multiplicação da tecnologia de utilização da gliricídia como tutor vivo está em expansão, mostrando que é possível aumentar a produção de pimenta-do-reino sem a necessidade de desmatar áreas florestais. Essa prática sustentável não apenas beneficia os produtores, mas também contribui para a preservação do meio ambiente e pode atrair consumidores preocupados com a origem e qualidade dos alimentos que consomem. A valorização e divulgação desse sistema de produção sustentável são essenciais para garantir sua continuidade e promover a conscientização sobre a importância da produção agrícola responsável.

Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Ronaldo Rosa / Embrapa