Comunidades amazônicas, especialmente no Acre, estão se beneficiando de uma técnica inovadora para a produção de mudas da castanheira-da-amazônia, uma espécie crucial tanto para a economia local quanto para a preservação ambiental. Tradicionalmente, a produção de mudas exigia a estrutura de viveiros comerciais e mão de obra qualificada, o que muitas vezes se tornava inviável para pequenos produtores e extrativistas. Para sanar essa dificuldade, pesquisadores da Embrapa, em colaboração com as próprias comunidades, desenvolveram um método acessível e de baixo custo, utilizando mini estufas.
Essa abordagem prática foi efetivamente adaptada às condições locais e apresenta vantagens significativas, como a superação da dormência das sementes, um desafio importante na germinação. As mini estufas, que podem ser montadas com baldes plásticos reutilizados, criam um ambiente controlado, promovendo o desenvolvimento uniforme das mudas. Com mais de 360 extrativistas capacitados nessa metodologia, o impacto está se tornando evidente tanto na regeneração florestal quanto na comercialização de mudas.
A castanheira, conhecida pela produção de castanhas de alto valor no mercado interno e externo, é vital para o sustento de pequenos agricultores. Entretanto, sua propagação enfrenta desafios como a durabilidade das sementes e a atração de roedores. A nova técnica de produção de mudas em mini estufas promete minimizar esses problemas, facilitando um cultivo mais eficiente. A pesquisadora Lúcia Wadt observa que, ao contrário dos métodos tradicionais que exigem irrigação constante, a técnica das mini estufas estabiliza a umidade, reduzindo a frequência de cuidados.
Na prática, o processo começa com a escolha de sementes de árvores matrizes que apresentem boa produtividade. A coleta deve ser feita de pelo menos vinte árvores diferentes, reforçando a importância da polinização cruzada para aumentar a viabilidade das sementes. Após verificações de qualidade, as sementes são colocadas em um substrato úmido e dispostas nas mini estufas, equipadas para manter as condições ideais de temperatura e umidade.
Além disso, a técnica está se mostrando um motor de transformação social e econômica nas comunidades. Profissionais como a engenheira florestal Eneide Taumaturgo e a agrônoma Joziane Evangelista destacam a importância de levar esse conhecimento às comunidades locais. Joziane, por exemplo, já implementou seu próprio viveiro e está formalizando sua atividade para também contribuir para a recomposição florestal.
Por fim, ao integrar práticas agrícolas sustentáveis aos objetivos de desenvolvimento global, essa inovação não apenas contribui para a preservação do meio ambiente, mas também reflete o potencial de fortalecimento das economias locais. A legislação vigente facilita a comercialização de mudas para pequenos produtores, promovendo uma estrutura que apoia o crescimento de negócios na Amazônia, alinhando sustentabilidade e viabilidade econômica.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Emanuelle Araujo Granja / Embrapa