A iniciativa Roça Sustentável tem se destacado por oferecer soluções tecnológicas de baixo custo que beneficiam os pequenos produtores familiares do Maranhão. Com essa abordagem, a produção de mandioca, por exemplo, saltou de 8 para 30 toneladas por hectare, reduzindo o ciclo de cultivo de 18 meses para apenas 11. As técnicas de consórcio e rotação de culturas implementadas nesse sistema não apenas otimizam o uso da terra, mas também promovem a nutrição das plantas através de métodos naturais, substituindo práticas prejudiciais como a queima da vegetação, essenciais para a preservação do solo e da biodiversidade.
Esse projeto, fruto da pesquisa da Embrapa, foi desenvolvido inicialmente no Sistema Bragantino, adaptando suas diretrizes às especificidades locais do Maranhão. Desde sua implementação, colheitas de arroz e milho tiveram aumentos de produtividade de até 50%, enquanto o tempo para a colheita da mandioca foi drasticamente reduzido. O sistema surgiu como uma solução a problemas enfrentados por pequenos agricultores, que historicamente cultivavam em áreas compartilhadas sem técnica ou planejamento adequados.
Carlos Santiago, analista responsável pela implementação, aponta que, sem a Roça Sustentável, a produção de mandioca na região continuaria limitada a 8 toneladas por hectare em 18 meses. A tecnologia promovida permite a produção de 30 toneladas em um tempo muito menor, possibilitando uma diversificação significativa das culturas, tanto para consumo próprio quanto para comércio, aumentando a renda e a segurança alimentar dos agricultores.
A metodologia do consórcio é central no projeto, pois garante que as diferentes culturas cultivadas em conjunto não competem entre si por recursos como luz e nutrientes. Complementar a isso, a rotação de culturas utilizam a chamada “safrinha,” que maximiza a eficiência do uso da terra especialmente durante o período chuvoso, modernizando práticas antigas que dependiam da queima e do desmatamento.
Além dos benefícios econômicos e de produtividade, a Roça Sustentável promove uma série de vantagens ambientais. Ao evitar a prática de derrubar e queimar, o sistema contribui para a conservação do solo e do meio ambiente, ao mesmo tempo em que melhora o gerenciamento de pragas e doenças nas culturas. A diversidade de cultivos possibilita uma ciclagem de nutrientes que enriquece o solo, mantém a biodiversidade e facilita o controle de ervas daninhas.
Em assentamentos como o de Itapecuru-Mirim, os resultados têm sido palpáveis. Produtores como Francisco Elias de Araújo destacam a importância da mandioca para a economia local e como a tecnologia implementada trouxe resultados notáveis. Ele ainda ressalta o compromisso de deixar uma terra saudável para as futuras gerações.
Na prática, essa abordagem tem mostrado que, ao implementar unidades de referência tecnológica em comunidades rurais, é possível compartilhar conhecimentos sobre manejo de solo, controle de pragas e fertilidade. O objetivo é, em última análise, empoderar os produtores locais, dando-lhes acesso a informações valiosas que podem transformar suas práticas agrícolas e, consequentemente, suas vidas.
O feedback de agricultores que adotaram a Roça Sustentável aponta para uma melhoria notável na qualidade de vida das comunidades, com acesso a alimentos adequados e aumento na produção, o que espelha um compromisso com o desenvolvimento regional e a mitigação da pobreza no campo. Assim, a Roça Sustentável vai além de apenas aumentar a produção agrícola; trata-se de uma abordagem holística que visa dignificar o trabalho do agricultor e assegurar um futuro viável para as famílias que dependem da agricultura.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Nizia Fernandes / Embrapa