Pesquisas recentes em lavouras de trigo situadas no Cerrado brasileiro têm revelado importantes descobertas sobre a irrigação e sua influência na produtividade e no impacto ambiental. Esse estudo, conduzido pela Embrapa Cerrados, aponta que o momento ideal para irrigar as plantações é quando aproximadamente 40% da água disponível no solo foi absorvida pelas raízes das plantas. Esse parâmetro se destaca por equilibrar produtividade agrícola, conservação de água e redução das emissões de gases de efeito estufa.
Os dados obtidos revelam que repor a água nesse ponto específico não apenas eleva a produção em até 19%, alcançando uma média de 6,8 toneladas por hectare, mas também reduz significativamente a emissão de óxido nitroso, um gás que contribui para o aquecimento global e que é quase 300 vezes mais potente que o dióxido de carbono. Em contrapartida, quando a irrigação ocorria após o uso de 60% da capacidade de água do solo, as emissões aumentavam drasticamente, resultando em um cenário menos favorável tanto para a agricultura quanto para o meio ambiente.
Os pesquisadores implementaram quatro estratégias de irrigação, variando a depleção do solo entre 20% e 80%, para identificar a melhor abordagem que equilibrasse essas variáveis. O estudo concluiu que um simples ajuste no tempo de irrigação poderia impactar de forma substancial as emissões de gases de efeito estufa, corroborando a necessidade de um manejo hídrico mais precisionista nas lavouras tropicais.
Outra descoberta interessante foi a capacidade do solo de agir como um “dreno” para o metano em condições ideais de irrigação, transformando um potencial poluente em um aliado, devido à sua boa drenagem e aeração. Esse fato reforça a relevância de implementar práticas que favoreçam as condições do solo.
Ao analisar os dados coletados ao longo de dois anos, a equipe de pesquisadores enfatizou a urgência da agricultura tropical em adotar métodos que respeitem os limites de umidade do solo. A irrigação controlada, a partir da utilização de 40% da capacidade de água disponível, pode não apenas aumentar a produtividade, mas também garantir um baixo impacto ambiental, um imperativo nas atuais circunstâncias de mudanças climáticas globais.
O impacto dessa pesquisa é significativo para o futuro da agricultura no Brasil, especialmente em um bioma onde a dependência de importações de trigo é alta. O estudo não apenas indica um caminho para a prática agrícola sustentável, mas também fornece orientações práticas que podem ser aplicadas em outras culturas, como milho e café. A eficiência hídrica se torna essencial para garantir alimentação segura e sustentável para as gerações futuras, aproveitando, ao mesmo tempo, os recursos naturais disponíveis de maneira sábia e responsável.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Jorge Chagas / Embrapa













