A Embrapa, em colaboração com a empresa Bioma, desenvolveu um inovador inoculante agrícola chamado Hydratus, voltado para o combate aos efeitos da seca e a promoção do crescimento das plantas. Este bioproduto utiliza uma bactéria chamada Bacillus subtilis, que foi isolada em solos da Caatinga, biome característico do Brasil. A tecnologia já recebeu registro do Ministério da Agricultura e Pecuária e é aplicada principalmente nas culturas de soja, além de estar sendo testada em outros tipos de plantações.

Os resultados obtidos em campo são promissores. Estudos realizados em áreas comerciais revelaram que o uso do Hydratus pode elevar a produção de milho em até 7,7 sacas por hectare e o rendimento de soja em até 4,8 sacas por hectare. Uma das principais vantagens desse inoculante é sua capacidade de aumentar a tolerância das plantas ao estresse hídrico, promovendo um desenvolvimento mais robusto ao estimular a formação de raízes mais profundas, o que é crucial em solos afetados pela seca. Além disso, o produto potencializa a absorção de nutrientes, contribuindo para a saúde geral da planta.

O Hydratus será apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), onde se destacará como um exemplo de bioinovação brasileira. Essa apresentação ocorre em um momento de crescente preocupação com as mudanças climáticas, que estão afetando a regularidade e a intensidade das chuvas em diversas regiões do Brasil. A escassez hídrica representa um desafio significativo para a agricultura, pois impacta diretamente a disponibilidade de nutrientes e inibe o crescimento saudável das plantas.

A pesquisa que levou ao desenvolvimento do Hydratus teve início em 2017, com o objetivo de explorar a rica biodiversidade brasileira para isolar microrganismos que pudessem auxiliar na adaptação das plantas às condições de déficit hídrico. Durante essas investigações, foram coletadas mais de 400 amostras, das quais 28 mostraram-se promissoras em ambientes com baixa umidade. A estirpe B. subtilis 1A11 se destacou por sua capacidade de produção de exopolissacarídeos, que ajudam na retenção de água e protegem as plantas contra estresses ambientais.

Além disso, a tecnologia por trás do Hydratus não apenas aborda os impactos da seca, mas também otimiza o uso da água nas propriedades agrícolas. Profissionais da área, como Alexandre Ferreira da Silva, da Embrapa, destacam a importância dessa inovação para a sustentabilidade da agricultura, especialmente em contextos de instabilidade climática.

Esse desenvolvimento ressalta o papel do Brasil como líder na produção de bioinsumos agrícolas e destaca a contribuição contínua da Embrapa para a segurança alimentar e nutricional, evidenciando a união entre pesquisa, preservação ambiental e inovações tecnológicas no setor agrícola.

Com informações da Embrapa
Fotos: O Hydratus foi formulado para proteger as plantas em condições de escassez hídrica e ainda estimular seu crescimento / Embrapa