Pesquisadores realizaram um estudo abrangente em 67 propriedades rurais no Rio Grande do Sul, com foco nas práticas de produção e os impactos das mudanças climáticas sobre a água utilizada na criação de gado leiteiro. O trabalho incluiu 192 combinações que avaliaram boas práticas em conjunto com diferentes cenários climáticos para cada fazenda. Os pesquisadores analisaram a pegada hídrica, que envolve tanto o uso direto de água nos processos da propriedade quanto o uso indireto associado ao cultivo dos alimentos que compõem a dieta animal. As diferentes dimensões da pegada hídrica—verde, azul e cinza—foi um foco central na pesquisa, uma vez que uma melhor gestão do recurso hídrico pode levar a práticas mais sustentáveis na produção de leite.
A análise revelou que a produtividade das culturas forrageiras, como milho e soja, e um manejo adequado dos dejetos são cruciais para a redução da pegada hídrica. No entanto, o aumento das temperaturas provocadas pela mudança climática gera efeitos adversos, como um maior consumo de água pelos animais. Os dados obtidos durante o estudo poderão ser utilizados para guiar os produtores em direção a uma atividade rural mais sustentável.
Entre os resultados, observou-se que a pegada hídrica média das propriedades foi de 704 litros por quilo de leite corrigido. Esta medida variou significativamente, atingindo até 1.058 litros em situações menos eficientes e caindo para 299 litros nas fazendas mais bem geridas. As propriedades que adotam sistemas de pastejo apresentaram uma ampla faixa de pegada hídrica, de 299 a 1.058 litros por quilo de leite. Já nas fazendas semi-confinadas, os números foram de 656 a 965 litros.
O estudo esclarece que o aumento na eficiência hídrica está diretamente relacionado a práticas como o aumento da produção por animal, a conversão eficiente da dieta em leite e o tratamento adequado de dejetos gerados. Os pesquisadores também destacaram que fatores como aumento nas temperaturas e produtividade reduzida de culturas agrícolas devido ao aquecimento global tendem a aumentar a pegada hídrica tanto verde quanto azul.
A pesquisa demonstra que a gestão cuidadosa das práticas de produção pode levar a uma menor carga hídrica. Desde a escolha do manejo adequado até a implementação de sistemas de tratamento para efluentes, tudo contribui para uma produção de leite mais sustentável. Além disso, os resultados obtidos se alinham com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente com metas referentes à produção sustentável e ao combate às mudanças climáticas, evidenciando a importância da adoção de práticas agrícolas que sejam resilientes e conscientes do uso dos recursos naturais.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Gisele Rosso / Embrapa













