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Concentração da produção agropecuária no Brasil revela desigualdades regionais significativas, aponta SITE-MLog

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A produção agropecuária no Brasil apresenta uma notável concentração em algumas microrregiões específicas, que são responsáveis por uma parcela significativa da produção de diversas culturas e criações. Cultivos como algodão, laranja, café, eucalipto, milho e soja, além da criação de aves e suínos, estão amplamente centralizados em determinadas áreas, refletindo um cenário de desigualdade na distribuição dessas atividades por todo o território nacional. A bovinocultura se destaca como a atividade menos concentrada, com 56 microrregiões contribuindo para cerca de 50% da produção, incluindo localizações no Norte do Brasil.

Vários fatores contribuem para essa configuração, como a necessidade de equipamentos especializados, as condições edafoclimáticas e elementos culturais que influenciam as práticas de cultivo. O Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária, lançado em 2018 e atualizado em 2024, disponibiliza uma plataforma que demonstra a distribuição dos dez principais produtos agropecuários para exportação no Brasil. Os dados obtidos por meio dessa ferramenta ajudam a orientar o planejamento de infraestrutura e políticas públicas, além de possibilitar decisões estratégicas no âmbito do agronegócio.

Por exemplo, em 2023, cerca de metade da produção de algodão do Brasil provém de somente três microrregiões: Parecis e Alto Teles Pires, no Mato Grosso, e Barreiras, na Bahia. Além do algodão, o Brasil também se destaca nas exportações de laranja, soja, milho e carnes. A laranja, por sua vez, é tradicionalmente cultivada em São Paulo, com grande concentração nas microrregiões de Avaré, Bauru, Botucatu e São João da Boa Vista, que juntas respondem por uma parte significativa da colheita da fruta.

As cadeias de produção animal apresentam padrões de concentração diferentes. A bovinocultura, por exemplo, é mais disseminada, com diversas regiões no Norte, como Pará, Rondônia e Tocantins, destacando-se na criação desse rebanho. Em contraste, as granjas de frangos e suínos estão predominantemente localizadas na região Sul, onde a cultura e a história de colonização desses estados influenciam a especialização das atividades.

O analista da Embrapa Territorial, André Rodrigo Farias, destaca que os diferentes níveis de concentração das atividades agropecuárias estão atrelados a características específicas de cada produto. A cultura do algodão exige equipamentos e infraestrutura de processamento, demandando investimentos substanciais que favorecem a centralização em áreas do país com maior competitividade. Além disso, tradições culturais e o desenvolvimento de cooperativas têm fortalecido as práticas de produção em regiões como Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Culturas perenes como café e eucalipto também formam polos de produção, exigindo condições ambientais e investimentos altos para o desenvolvimento. Embora a produção de cana-de-açúcar esteja se expandindo além de São Paulo, ainda se concentra em áreas adjacentes no Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. A soja e o milho, embora cultivados em várias regiões, apresentam uma concentração significativa na região central; apenas quatro microrregiões foram responsáveis por um quarto da produção de milho em 2023.

Esses padrões de concentração têm um impacto direto na logística de transporte e escoamento dos produtos. No caso de culturas mais concentradas, como café e laranja, o escoamento é predominantemente realizado por meio do porto de Santos, enquanto que nas produções menos concentradas, como milho e soja, existe uma competição constante por rotas logísticas eficientes.

A análise da concentração também é vital para a implementação de estratégias voltadas para o aumento da produtividade e a adoção de novas tecnologias. Assim, a plataforma SITE-MLog se revela uma aliada importante para decisores públicos e privados, permitindo uma compreensão detalhada das dinâmicas regionais da agropecuária e fomentando o planejamento de infraestrutura e melhores práticas de cultivo no Brasil.

Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Edna Santos / Embrapa

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