Cientistas brasileiros e uruguaios realizam uma descoberta significativa ao identificar um gene associado à arquitetura das folhas do tomateiro, uma revelação que pode transformar a produtividade e a sustentabilidade na agricultura. Este trabalho é resultado da colaboração entre a Embrapa, a Universidade de Brasília (UnB) e o Instituto Nacional de Investigación Agropecuaria (Inia), do Uruguai, e suas implicações vão além do cultivo de tomates.
A pesquisa foca num gene que confere às folhas do tomateiro um porte ereto, uma característica que promete aumentar a resistência das plantas a pragas e melhorar a tolerância ao calor. Além disso, essa configuração de folhas permite uma melhor distribuição de luz nas plantas, o que é crucial para maximizar a produção em áreas cultivadas. Os pesquisadores notaram essa característica em uma mutação natural de uma amostra de germoplasma mantida pela Embrapa, o que os levou a investigar mais a fundo.
A descoberta do gene foi possível por meio de metódicos cruzamentos genéticos e marcação molecular, resultando na localização precisa do gene desejado no cromossomo 10 do tomateiro. Este avanço é considerado um marco no campo do melhoramento genético, já que possibilita o desenvolvimento de cultivares mais adaptadas a sistemas agrícolas intensivos, beneficiando, assim, a diversidade agrícola.
Após identificar o gene, a equipe empregou a técnica de edição genética CRISPR-Cas9 para verificar sua função. Essa metodologia permitiu que plantas de folhagem normal fossem modificadas para expressar o fenótipo ereto, confirmando a relevância do gene identificado. Este processo não só reforça a importância do projeto, mas também fornece uma base sólida para futuras pesquisas em outras culturas agrícolas, como milho e pêssego.
As implicações práticas da pesquisa são diversas. As folhas eretas não apenas minimizam o estresse térmico, mas também facilitam o manejo do cultivo, pois a verticalização das folhas melhora o controle químico e biológico de pragas como moscas-brancas. Estudos mostraram que as plantas editadas apresentaram uma redução de até 2,5 vezes na infestação por esses insetos, o que é um resultado promissor.
Além disso, a nova arquitetura da planta propicia um adensamento maior no plantio, otimizando o uso do espaço e aumentando o número de plantas por hectare, crucial para atender à crescente demanda por alimentos no cenário atual. Essa pesquisa reflete o potencial da integração de tecnologias modernas no aprimoramento das práticas agrícolas, criando um futuro mais sustentável e eficiente para a produção de alimentos.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Leonardo Boiteux / Embrapa