Uma pesquisa inovadora realizada por cientistas da Embrapa, em colaboração com a Universidade Federal do Tocantins (UFT) e a Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS), tem se destacado no campo da piscicultura, especialmente no manejo de alevinos de pirarucu (Arapaima gigas), um peixe emblemático da Amazônia. O estudo revelou que cápsulas de alho, disponíveis em farmácias, mostraram-se eficazes no combate a parasitas que afetam esses peixes jovens, sem causar toxicidade.
Os pesquisadores observaram uma redução significativa na presença de dois tipos de parasitas que ameaçam a saúde dos alevinos: os protozoários tricodinídeos e o helminto monogenea, conhecido como vermes das brânquias. Estes parasitas são conhecidos por provocar altas taxas de mortalidade em criadouros e, portanto, uma alternativa viável ao uso de produtos químicos é extremamente promissora.
Durante a pesquisa, diferentes concentrações de alho foram testadas em banhos de quatro dias, revelando que a formulação foi capaz de reduzir a infestação dos parasitas em até 77% com doses de 5 mg/L. Importante ressaltar que, independentemente da concentração utilizada, não foram observadas mortalidades ou alterações comportamentais nos peixes tratados. Essa constatação reforça a viabilidade do alho como um tratamento fitoterápico sustentável e seguro.
Além do alho, já é conhecido o uso do sal de cozinha na piscicultura, que também se mostrou eficaz, com estudos anteriores indicando que banhos de sal podem proporcionar resultados significativos no controle dos mesmos parasitas. Essa sinergia de tratamentos naturais abre um leque de possibilidades para a aquicultura brasileira, promovendo práticas menos invasivas e mais sustentáveis.
A equipe de pesquisa enfatiza que o uso de tratamentos fitoterápicos, como o alho, vem se demonstrando uma estratégia promissora para melhorar o bem-estar dos peixes e reduzir custos no manejo dos alevinos. Entretanto, ainda há necessidade de mais estudos para compreender o pleno potencial e a aplicação do alho e de outros fitoterápicos no ambiente de aquicultura.
Esse avanço destaca a importância do desenvolvimento de soluções naturais e acessíveis, não só para a saúde dos peixes, mas também para a sustentabilidade do setor. A pesquisa continua a ser um convite à reflexão sobre como as práticas tradicionais podem se integrar com inovações científicas, trazendo benefícios tanto para os produtores quanto para o meio ambiente.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Jefferson Christofoletti / Embrapa