Uma colaboração entre o setor público e privado está em andamento para investigar a Agave tequilana como uma nova alternativa para a produção de etanol, por meio de três áreas-piloto localizadas no Semiárido da Bahia e da Paraíba. Esta planta, conhecida por sua resistência à seca, apresenta um potencial significativo para fortalecer a bioeconomia e facilitar a transição energética no Nordeste brasileiro e a nível nacional.
O projeto, conduzido pela Embrapa Algodão em cooperação com a empresa Santa Anna Bioenergia, visa desenvolver um sistema de cultivo sustentável para a Agave e outras espécies que tenham finalidade energética. Entre os objetivos do estudo, destaca-se a ampliação do aproveitamento da Agave sisalana, uma planta atualmente utilizada de forma ineficiente, com apenas 4% de sua biomassa sendo explorada pela indústria.
Além dos benefícios econômicos e ambientais, o pesquisador Tarcísio Gondim ressalta a relevância social do projeto. Ele menciona que a pesquisa pode ajudar a reduzir desigualdades sociais e apoiar formas de vida nas regiões que cultivam sisal, muitas vezes vulneráveis economicamente. A utilização de plantas xerófilas, que se adaptam a climas secos, é uma abordagem com múltiplos benefícios, como a produção de etanol, alimentação animal e captura de CO₂.
Embora o ciclo de cultivo da Agave seja mais prolongado que o da cana-de-açúcar, sua capacidade de se adaptar a condições semiáridas é uma vantagem competitiva significativa. O ciclo de colheita pode levar até cinco anos, mas a diversificação nas áreas de plantio deve permitir uma estabilização na produção de biomassa, beneficiando a viabilidade comercial do cultivo na região.
Milhares de mudas de Agave tequilana, trazidas do México e já em processo de avaliação, estão sendo testadas em uma Unidade de Referência Tecnológica em Jacobina, na Bahia. O projeto se estenderá por cinco anos, envolvendo testes sobre arranjos de plantio, fertilização e gerenciamento para maximizar o rendimento.
Ademais, o manejo dos resíduos da planta após a produção de etanol pode fornecer recursos valiosos na alimentação de ruminantes, especialmente em períodos de escassez. Um dos itens a serem abordados no projeto é a mecanização das etapas de plantio e colheita, buscando facilitar as operações em larga escala.
Essas inovações não apenas prometem impulsionar a produção de bioenergia, mas também podem agregar valor às economias locais, transformando regiões de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em áreas de oportunidades sustentáveis. Assim, o estudo da Agave tequilana representa um passo essencial para o Brasil, ao buscar um futuro mais sustentável e socialmente justo.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Alexandre Oliveira / Embrapa