A Embrapa Agroindústria Tropical anuncia para dezembro de 2025 o lançamento do clone de cajueiro BRS 805, uma cultivar que promete transformar a cajucultura no Ceará, o maior produtor nacional de castanha de caju. O BRS 805 foi desenvolvido inicialmente para as regiões litorâneas do estado, com o objetivo de aumentar a produtividade em relação à cultivar mais utilizada atualmente, a CCP 76. A expectativa é que este novo clone contribuía significativamente para o fortalecimento da cadeia produtiva local.
O clone BRS 805 é um avanço notável no Programa de Melhoramento Genético da Embrapa. Com castanhas pesando cerca de 10 gramas, sua aceitação no mercado de processamento é promissora, já que possui um rendimento industrial médio de 23,2% e é classificado como tipo LW ou W210. Além disso, destaca-se pelo seu pedúnculo, que apresenta uma coloração vibrante e uma quantidade de vitamina C que é cinco vezes maior do que a encontrada na laranja, oferecendo 270 miligramas por 100 gramas de polpa.
A comercialização inicial das mudas ocorrerá por meio de um edital de oferta pública, que irá licenciar viveiristas listados. O cronograma prevê que o edital para aquisição dos propágulos será disponibilizado em 12 de janeiro de 2026. Dheyne Melo, coordenador do Programa de Melhoramento Genético do Cajueiro, detalha que o desenvolvimento do BRS 805 começou nos anos 1990. Após diversas avaliações em diferentes locais, o clone mostrou desempenho superior com médias de produtividade de 1.800 quilos de castanhas por hectare entre o 5º e o 7º anos, e 23,8 toneladas de pedúnculo por hectare.
Um dos principais diferenciais do BRS 805 é sua resistência a várias doenças, como mofo-preto e antracnose, o que reduz a necessidade de fungicidas e, consequentemente, os custos de produção. O clone, que possui um porte intermediário e uma copa em formato de taça compacta, também se adapta bem ao cultivo mecanizado.
Em termos de mercado, a expectativa é que o clone conquiste espaço, especialmente nas indústrias de processamento, devido à sua qualidade. A Embrapa também incentiva a diversificação dos pomares, fortalecendo a resiliência dos produtores diante de novas pragas ou doenças.
Neste contexto, a cajucultura brasileira enfrenta um momento decisivo. Com a recente superação de recordes de produção, a adoção de tecnologias modernas e a transição para um modelo de produção mais eficiente se mostram cruciais. José Roberto Vieira, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, aponta a necessidade de uma movimentação em direção a sistemas produtivos mais sustentáveis e tecnologicamente integrados, que elevem a produção e a qualidade, otimizando o uso das terras e recursos disponíveis.
Por fim, o programa de melhoramento da Embrapa continua a expandir a gama de variedades de cajueiros, com cada clone adaptado a diferentes condições climáticas e de solo, favorecendo a produção em regiões com baixa precipitação, característica do Nordeste brasileiro. Isso não só garante a segurança alimentar, mas também contribui para o fortalecimento da economia rural nessa área.
Com informações da Embrapa
Fotos: A nova cultivar chega para reforçar o portfólio de cultivares da Embrapa e contribuir para o fomento da cadeia produtiva a partir da renovação dos pomares. / Embrapa












