No dia 4 de setembro, foi registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) o pedido de patente de uma inovadora receita de biscoito que utiliza farinha proveniente da casca do café Robusta Amazônico. Este produto se destaca por incorporar 30% menos farinha convencional, oferecendo assim uma alternativa mais saudável para aqueles que buscam uma dieta equilibrada. O desenvolvimento dessa receita é fruto de pesquisas conjuntas entre a Embrapa e a Universidade de Brasília (UnB), que visam valorizar o processamento pós-colheita das cascas de cafés amazônicos. As investigações também estão ampliando suas frentes para o estudo de diversos produtos, como chás e kombuchas, que podem ser elaborados a partir desse insumo.
Além de ser uma opção nutricionalmente superior, o biscoito em questão é um exemplo de sustentabilidade, uma vez que as variedades de cafés Robustas Amazônicos são cultivadas por agricultores familiares, comunidades indígenas e tradicionais. O lançamento do produto está programado para a Semana Internacional do Café, marcada para o dia 6 de novembro, onde também haverá a oportunidade de degustação durante a Conferência das Partes (COP30).
De acordo com o pesquisador Enrique Alves, as cascas dos cafés finos – aqueles que atingem mais de 80 pontos na avaliação da Specialty Coffee Association (SCA) – apresentam um perfil sensorial rico em nutrientes, muitas vezes superior ao dos próprios grãos. Apesar de seu potencial, essas cascas têm sido usadas principalmente como adubo no Brasil, sugerindo um enorme desperdício de recursos.
A trajetória de valorização das cascas de café, em colaboração com a UnB, ganhou impulso com a criação da primeira Indicação Geográfica (IG) para o Coffea canephora, concedida em 2021, destacando a riqueza das Matas de Rondônia. Atualmente, mais de 17 mil famílias de agricultores estão envolvidas no cultivo dessas variedades, que são adaptadas ao eco-sistema amazônico.
A inovação proposta por essa pesquisa não se restringe apenas à elaboração do biscoito. A partir de 2026, serão realizados estudos voltados ao desenvolvimento de bebidas fermentadas a partir da casca do café, como kombuchas e outras infusões aromatizadas. Além disso, novas pesquisas também contemplarão o uso de extratos de casca em formulações cosméticas, ampliando as aplicações desse subproduto em várias verticais.
Os resultados dos estudos sobre o biscoito mostraram que a receita reformulada contendo 30% da farinha de casca de robusta não apenas melhorou o teor de fibras, mas também reduziu significativamente as gorduras saturadas e os açúcares adicionados. Com isso, essa alternativa alimentar se alinha às diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), prometendo atender à crescente demanda por alimentos mais saudáveis.
Com o crescente foco na sustentabilidade e na promoção de práticas agrícolas integradas, a pesquisa sobre as cascas do café reforça um movimento mais amplo em direção à valorização dos recursos locais, beneficiando tanto a saúde dos consumidores quanto a economia das comunidades envolvidas. A evolução da cafeicultura na Amazônia, marcada por uma abordagem sustentável e tecnológica, vem garantindo não apenas uma produção aumentada, mas também um futuro promissor para a agricultura na região.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Enrique Alves / Embrapa













