Uma pesquisa colaborativa internacional, liderada pelo Instituto Internacional de Pesquisa Pecuária (ILRI) com a participação da Embrapa, resultou no sequenciamento dos genomas de 450 genótipos de capim-elefante de 18 países. Essa iniciativa revelou mais de 170 milhões de variações no DNA dessa forrageira, além de identificar genes relacionados à produtividade, valor nutricional e potencial energético. Os principais achados do estudo, que teve início em 2020, têm potencial para acelerar o melhoramento genético de novas variedades de capim-elefante, uma planta fundamental tanto para a pecuária tropical quanto para a produção de biocombustíveis.
A pesquisa contou com a colaboração de instituições renomadas de três continentes, utilizando bancos de germoplasma que viabilizaram uma análise abrangente da diversidade genética desta gramínea. O projeto busca ampliar o entendimento da estrutura populacional do capim-elefante, além de localizar QTLs (loci de características quantitativas) que influenciam traits agronômicos desejáveis como a produção de biomassa, o teor de nitrogênio e a celulose, essenciais para a alimentação animal e para a produção de energia.
O pesquisador Jorge Fernando Pereira, da Embrapa, destacou a importância destas descobertas, que não apenas oferecem um panorama sem precedentes da diversidade genética da espécie, mas também permitirão a realização de estudos mais direcionados e eficazes para o desenvolvimento de variedades de capim-elefante mais produtivas e adaptadas a condições adversas, como a seca. Isso é especialmente relevante em um contexto de mudanças climáticas, onde a necessidade de técnicas agrícolas mais sustentáveis se faz urgente.
O capim-elefante, científico Cenchrus purpureus, é amplamente cultivado em regiões tropicais e subtropicais, sendo uma fonte vital de forragem de alta produtividade para a pecuária. A Embrapa já introduziu cultivares inovadoras como BRS Capiaçu e BRS Kurumi, que visam atender diferentes necessidades do setor agropecuário, seja na silagem ou no pastejo. Além de seu valor forrageiro, a planta se destaca como um insumo promissor na produção de biocombustíveis. Suas características de rápido crescimento e alta biomassa possibilitam sua utilização em técnicas como combustão para geração de energia, produção de biocombustíveis de segunda geração como o etanol celulósico, e ainda como matéria-prima para biogás e biometano.
Com o avanço do conhecimento proporcionado pelo sequenciamento genético, os pesquisadores poderão empregar edição gênica nas variedades já estabelecidas, além de desenvolver novas cultivares que atendam às exigências de produtividade e resistência a condições climáticas adversas. Essa iniciativa não apenas promete otimizar a produção de forragem, mas também contribuir para a eficiência energética e a sustentabilidade agrícola no Brasil e em outros países que adotam o capim-elefante como uma cultura estratégica.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Divulgação Embrapa / Embrapa