A colaboração entre a Embrapa e a startup Morfo Brasil visa estabelecer protocolos que otimizem o manejo de sementes florestais, essencial para o compromisso do Brasil de restaurar 12,5 milhões de hectares de áreas degradadas até 2030. O projeto estuda sementes de espécies nativas da Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia, focando na técnica de semeadura direta, destacando a importância do uso eficiente desses recursos para acelerar a recuperação ambiental.
A diretriz do estudo é simples: melhorar a qualidade das sementes. Isso é crucial, já que a falta de sementes adequadas encarece o processo de restauração; sementes de baixa qualidade podem exigir até cinco vezes mais insumos para alcançar resultados equivalentes. Emira Cherif, diretora científica da Morfo Brasil, enfatiza que a pesquisa é uma oportunidade para fechar lacunas de conhecimento no campo das sementes florestais nativas.
Com previsão de duração de dois anos, a pesquisa permitirá não apenas o aprimoramento dos protocolos de germinação, mas também uma maior eficiência na produção. Juliana Müller Freire, pesquisadora da Embrapa Agrobiologia, observa que trabalhar com sementes florestais envolve desafios únicos, como uma vasta diversidade de espécies e a limitação na disponibilidade de sementes. A parceria com a Morfo proporciona acesso a sementes previamente limpas e coletadas, facilitando o processo de pesquisa.
Para avaliar a qualidade das sementes, a Morfo Brasil enviará lotes mensais para a Embrapa, onde serão analisados quanto a peso, pureza e potencial de germinação. Além disso, será realizada uma revisão dos conhecimentos existentes sobre a tecnologia de sementes, buscando entender métodos de conservação, secagem e estratégias para lidar com dormência. A ausência de publicações sobre muitas espécies representa um desafio, mas é uma oportunidade para gerar novas informações que possam elevar a taxa de germinação.
A pesquisa implica um olhar atento ao processo de armazenamento adequado, essencial para garantir a viabilidade das sementes. O manejo eficiente dessas sementes é vital, uma vez que espécies recalcitrantes, que não toleram a secagem, demandam cuidados especiais. O estudo destaca que a melhoria da qualidade das sementes não apenas torna os projetos de restauração financeiramente viáveis, mas também impacta positivamente a taxa de germinação e a quantidade necessária de sementes.
Por fim, o contexto regulatório atual, representado pelo Registro Nacional de Sementes e Mudas, ainda precisa se adaptar para acolher as especificidades das sementes nativas. O crescimento da cadeia de valor e o reconhecimento do papel dos coletores comunitários são fundamentais para a sustentabilidade da restauração florestal no Brasil. Com a união de especialistas e a aplicação de novas tecnologias, a meta de restaurar 12,5 milhões de hectares até 2030 se apresenta como um desafio, mas também como uma oportunidade de inovar e fortalecer a biodiversidade do país.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Juliana Freire / Embrapa