Em 2024, uma severa epidemia desencadeada pelo fungo Glomerella cingulata devastou lavouras de uvas no interior de São Paulo, gerando preocupações severas entre os viticultores locais. A doença, conhecida como podridão da uva madura, causou a destruição completa de plantações em cidades-chave como Jundiaí, Louveira e Itatiba, levando produtores a perderem até 100% de suas colheitas. Este cenário alarmante gerou um clima de desânimo e incerteza sobre o futuro da vitivinicultura na região.
Entretanto, a situação começou a mudar por meio de um plano emergencial de controle. Treze propriedades do Circuito das Frutas, o principal polo vitivinicultor do estado, foram selecionadas para implementar medidas de manejo integradas. Estas incluíam a remoção de restos culturais infectados, a aplicação de fungicidas adequados e um cuidado especial com as técnicas de aplicação. Os resultados foram promissores: as fazendas que adotaram as orientações da Embrapa obtiveram uma recuperação da produção de até 95%. Outras propriedades também registraram melhorias, com diminuições na infestação de até 70%.
O trabalho das equipes da Embrapa Uva e Vinho e Embrapa Territorial se fundamentou em pesquisas detalhadas, incluindo coletas e ensaios para compreender melhor a doença e seu avanço. Os especialistas apontaram que fatores climáticos, como temperaturas elevadas e umidade constante, juntamente com erros no manejo, contribuíram para a propagação do fungo. Problemas comuns incluíam o uso de produtos inadequados e a aplicação incorreta dos mesmos.
O impacto do controle da doença se estendeu além da produção agrícola. A confiança dos viticultores começou a se restabelecer, com eventos tradicionais, como a Festa da Uva, podendo ser mantidos sem interrupções relevantes. O agricultor Atalívio Rufino, que havia quase completamente perdido sua produção no ano anterior, destacou as mudanças significativas em suas práticas de manejo que resultaram em colheitas positivas.
Para disseminar essas boas práticas, serão realizados dias de campo em 16 e 18 de setembro, onde será possível discutir as estratégias adotadas e compartilhar conhecimento sobre o controle da doença. A mobilização contínua entre os setores agrícola e científico é crucial para garantir que os avanços já conquistados sejam mantidos e ampliados, reforçando a importância de um manejo integrado e eficiente na luta contra o fungo.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Rafael Mingoti / Embrapa