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Cultivo de alface no Brasil enfrenta riscos extremos até 2100, alerta pesquisa da Embrapa

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Cenários climáticos projetados para o futuro indicam um desafio considerável para o cultivo de alface em campo aberto no Brasil até o final do século. Elaborações de mapas de risco climático pela Embrapa, com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e modelos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), revelam que, devido ao aumento das temperaturas, o país enfrentará riscos significativos para a produção dessa hortaliça tão popular.

A pesquisa apresenta dois possíveis cenários climáticos: um otimista, onde as emissões de gases de efeito estufa são controladas em certa medida, e um pessimista, no qual elas continuam a crescer sem interrupções até 2100. Em ambos os casos, os sinais não são encorajadores para o cultivo tradicional da alface, principalmente no verão, que se caracteriza por temperaturas que podem ultrapassar os 40°C em diversas partes do Brasil. Esse cenário é alarmante, uma vez que a alface requer um ambiente mais ameno e umidade equilibrada para um desenvolvimento saudável.

O engenheiro-ambiental Carlos Eduardo Pacheco, da Embrapa, ressalta a importância de compreender as implicações das mudanças climáticas sobre a produção agrícola, especialmente em um país tropical. Ele destaca que essa compreensão é fundamental para que possam ser desenvolvidas estratégias de adaptação eficientes, a fim de minimizar os impactos e prejuízos. Para enfrentar esses desafios, a pesquisa foca em duas principais frentes: o desenvolvimento de cultivares de alface com maior resistência ao calor e a implementação de sistemas de cultivo sustentáveis.

Essas alternativas incluem sistemas regenerativos que promovem a fertilidade do solo e a biodiversidade, como o cultivo orgânico, bem como tecnologias que ajudam a evitar as perdas causadas por estresses climáticos. Dentre as estratégias exploradas, destacam-se os cultivos em ambientes protegidos e o zoneamento agroclimático.

Os mapas de risco foram elaborados com base nos dados climáticos do INPE e utilizam o modelo dinâmico ETA para prever a temperatura nas diferentes estações do ano, cruzando informações históricas de 1961 a 1990 com dados futuros. Os dois cenários projetados são o RCP 4.5, que prevê um aumento moderado de temperatura, e o RCP 8.5, que sugere um aquecimento mais acentuado, o que poderá impactar drasticamente as áreas de cultivo de alfaces.

Essas previsões revelam um quadro inquietante, com uma crescente área do Brasil categorizada em risco alto ou muito alto para o cultivo da alface. No melhor dos cenários, estima-se que 79,6% do território enfrentará alto risco, enquanto no cenário mais pessimista, esse número pode subir para impressionantes 87,7%. A situação é particularmente preocupante para os verões entre 2071 e 2100, quando as temperaturas elevadas poderão inviabilizar o cultivo em campo aberto.

Neste contexto, a Embrapa direciona seus esforços para a criação de novas cultivares de alface, como a BRS Mediterrânea, que apresentará uma maior adaptação ao calor. Esse tipo de cultivar é fundamental, pois reduz o tempo de exposição da planta a condições extremas, aumentando a resistência ao estresse hídrico e contribuindo para um padrão comercial mais elevado.

Há uma necessidade urgente de abordar os desafios impostos pelas mudanças climáticas, não apenas do ponto de vista ambiental, mas também em relação à segurança alimentar e à saúde coletiva. Os próximos passos do mapeamento climático da Embrapa incluem o uso de tecnologias avançadas e inteligência artificial para gerar dados mais precisos e relevantes, que serão fundamentais para desenvolver soluções viáveis para a agricultura em face de um clima em transformação.

Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Rodrigo Baldassim / Embrapa

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