A Amazônia, um dos ecossistemas mais ricos e ameaçados do planeta, recebeu um impulso significativo para sua recuperação através de uma nova pesquisa que traz inovações na gestão florestal. Este estudo, realizado pela Embrapa Amazônia Oriental, sob a liderança da pesquisadora Lucieta Martorano, introduz uma metodologia chamada zoneamento topoclimático. Esta abordagem visa identificar áreas mais adequadas para o reflorestamento com espécies nativas, combinando dados geográficos e climáticos.
Os pesquisadores analisaram mais de 7,6 mil registros georreferenciados de espécies nativas e cruzaram esses dados com informações climáticas e topográficas coletadas ao longo de seis décadas. Como resultado, foram criados mapas que indicam o grau de aptidão ambiental das diferentes áreas da Amazônia para diversas espécies florestais, destacando aquelas que possuem maior potencial para contribuir com a silvicultura sustentável. Especificamente, o estudo destaca 12 espécies de alto valor ecológico e econômico, como o angelim-vermelho, que demonstrou alta eficiência topoclimática, até 81% em áreas antropizadas.
O estudo se alinha com a Lei de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) do Brasil, que recompensa ações que visam conservar ou restaurar ecossistemas. Esse contexto torna a metodologia especialmente relevante ao fomentar a bioeconomia e a conservação da biodiversidade, fornecendo uma base sólida para políticas públicas que incentivam práticas agroflorestais sustentáveis. Isso inclui não apenas a restauração ambiental, mas também a geração de renda para comunidades locais, que se beneficia do manejo sustentável dos recursos naturais.
Com a iminente COP 30 em Belém, que ocorrerá em novembro, os resultados do estudo também poderão ser apresentados como uma contribuição concreta para os objetivos globais de combate às mudanças climáticas. O modelo de zoneamento topoclimático não se limita à Amazônia; sua aplicação é viável em qualquer bioma, podendo ser escalada com o uso de tecnologias modernas, como sensoriamento remoto e inteligência artificial, o que potencializa ainda mais sua utilidade.
Assim, a pesquisa não apenas destaca a Amazônia como um bioma valioso, mas também a posiciona como um líder em soluções criativas e científicas para os desafios climáticos globais. Isso reforça a urgência e a importância de integrar ciência, políticas públicas e práticas sustentáveis para preservar e restaurar esse vital ecossistema.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Ronaldo Rosa / Embrapa