A inovação biológica que está sendo desenvolvida representa um marco significativo na agricultura brasileira, emergindo como resultado de uma colaboração entre a Embrapa Agrobiologia, situada no Rio de Janeiro, e a empresa Agrocete. O produto em questão é um bioinsumo à base de bactérias benéficas que estimulam o crescimento das plantas e favorecem a fixação biológica de nitrogênio no solo.
Testes realizados em ambiente controlado mostraram que, com a aplicação do inoculante, houve um aumento superior a 30% na biomassa de diversas culturas. A expectativa é que esse produto esteja disponível no mercado em 2026. Atualmente, há uma realidade preocupante no Brasil: mais de 70 milhões de hectares de pastagens enfrentam baixa produtividade e estão em diferentes estágios de degradação. Por isso, a implementação de tecnologias sustentáveis se torna fundamental, visando não apenas a melhoria da produção, mas também a preservação do meio ambiente e a redução dos custos para os pecuaristas.
O bioinsumo composto por três estirpes bacterianas, incluindo um tipo já amplamente utilizado na soja, o Bradyrhizobium, e o Azospirillum, que é reconhecido pela sua capacidade de fixar nitrogênio atmosférico e auxiliar no desenvolvimento de gramíneas, mostra-se promissor. Pesquisadores enfatizam que a nova formulação poderá beneficiar tanto os pecuaristas que adotam métodos mais tradicionais quanto aqueles que buscam alternativas sustentáveis, como a integração entre lavoura e pecuária, contribuindo para a mitigação dos gases que causam o efeito estufa.
Além de melhorar a produtividade, a técnica se destaca pela sua versatilidade, podendo ser aplicada em sistemas variados, incluindo pastagens formadas apenas por gramíneas. Segundo os especialistas, essa solução não apenas facilitará a recuperação de áreas degradadas, mas também promoverá uma significativa economia nos gastos com fertilizantes químicos, um ponto relevante para a sustentabilidade econômica da atividade agropecuária.
O desenvolvimento desse bioinsumo é parte de uma estratégia mais ampla que busca atender à demanda por iniciativas que alinhem produção agropecuária e preservação ambiental. Com a crescente pressão para que o setor agropecuário reduza seu impacto ambiental, a introdução de tecnologias que respeitem a natureza torna-se cada vez mais urgente. Neste sentido, investir em práticas que aumentem a eficiência da produtividade sem comprometer o meio ambiente poderá ser um dos caminhos mais viáveis para a agropecuária brasileira nos próximos anos.
Portanto, o avanço na formulação e comercialização deste inoculante multiforrageiro representa mais do que uma inovação técnica; representa um passo em direção a um modelo de produção agrícola que valoriza a sustentabilidade, a recuperação ambiental e a eficiência econômica. Essa abordagem holística poderá não apenas fortalecer a produção bovina no Brasil, mas também contribuir para o alcance de metas globais de redução de emissões e melhoria da qualidade do solo.
Com informações da Embrapa
Fotos: O produto atua positivamente sobre as principais leguminosas forrageiras recomendadas para consórcios / Embrapa