A Embrapa Semiárido conquistou um marco significativo ao obter o registro de Pureza de Origem (PO) para seu rebanho de gado Sindi, um reconhecimento que atesta a pureza genética e a qualidade dos animais adaptados às rigorosas condições do Semiárido brasileiro. Essa conquista é fruto de um intenso processo de quase dois anos, que envolveu a realização de exames de DNA, rigorosos controles reprodutivos e inspeções técnicas detalhadas.
Agora, com essa certificação, a Embrapa poderá comercializar sêmen, embriões e animais vivos que possuem essa documentação, ampliando as oportunidades para pecuaristas que buscam opções mais adaptáveis ao clima quente e seco da região. Este rebanho, que inclui 91 animais, foi avaliado e considerado um dos mais puros do Brasil, segundo especializados no setor. Rafael Dantas, responsável pelo Núcleo de Conservação da Raça Sindi, destacou a importância dessa certificação ao afirmar que esse material genético é um recurso valioso que beneficiará não apenas o Semiárido, mas também a pecuária nacional como um todo.
A articulação técnica da Embrapa com a Associação Brasileira dos Criadores de Sindi (ABCSindi) foi crucial para a obtenção do registro junto à Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). José Kléber Calou Filho, conselheiro da ABCZ, sublinhou a relevância desse trabalho conjunto e o impacto positivo que isso terá na genética Sindi, uma raça cujas características são essenciais para o desenvolvimento sustentável da pecuária nacional.
O processo para garantir este registro foi meticuloso, seguindo todos os protocolos estabelecidos pela ABCZ. Isso envolveu a realização de escrituração detalhada e a cooperação com a ABCSindi, que facilitou a demonstração do potencial genético dos animais da Embrapa.
Além disso, a raça Sindi, originária do Paquistão, é reconhecida por sua rusticidade e resistência ao calor, sendo capaz de produzir tanto carne quanto leite em condições adversas. Suas características fazem dela uma opção ideal para as condições do Semiárido, onde a escassez de recursos é uma constante. Mário Borba, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba, enfatizou a adaptabilidade dessa raça, descrevendo-a como “universal” e essencial para a sustentabilidade futura da pecuária no Brasil.
A Embrapa, além de preservar essa genética valiosa, também desenvolve pesquisas científicas que incluem estudos sobre nutrição, sanidade e cruzamentos para melhorar a resistência e produtividade dos rebanhos. A trajetória do rebanho Sindi da Embrapa é longa, remontando a 1952, quando animais foram trazidos do Paquistão para o Brasil. Desde então, um trabalho consistente tem garantido a pureza da raça, com esforços contínuos para assegurar que as próximas gerações tenham acesso a uma genética robusta e adaptada às realidades climáticas atuais e futuras.
Este projeto visa não apenas a conservação da raça, mas também a criação de um banco de germoplasma, assegurando que o legado genético do Sindi seja mantido e compartilhado, assegurando a resiliência da pecuária em face das mudanças climáticas e outras adversidades. O trabalho da Embrapa e de seus parceiros é uma prova de como a ciência e a cooperação podem impulsionar a agricultura de forma sustentável e inovadora.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Marcelino Ribeiro / Embrapa