Um recente estudo realizado por uma equipe internacional de pesquisadores identificou a possível origem do fungo da antracnose do milho na Mesoamérica. O estudo revelou que existem três linhagens distintas do fungo – norte-americana, brasileira e europeia – com a linhagem europeia sendo a mais virulenta e aumentando o risco de novos surtos da doença. A disseminação global do patógeno foi impulsionada por fatores naturais e humanos, com destaque para a troca de sementes contaminadas.
A análise genética realizada pelos pesquisadores envolveu 212 isolados do fungo provenientes de cinco continentes. A pesquisa apontou que a linhagem norte-americana é a mais antiga e ancestral, com ramificações que alcançaram o Brasil e a Europa. No entanto, a linhagem europeia mostrou-se mais virulenta, o que aumenta os riscos de surtos da doença. Além disso, foi identificada uma migração entre a Argentina e a Europa, com isolados argentinos agrupados na linhagem europeia. Isso pode ter sido facilitado pelo uso de sementes contaminadas em viveiros de inverno na América do Sul.
A pesquisa também destacou a importância do monitoramento genético para o controle eficaz e proteção das lavouras. A grande diversidade genética do patógeno apresenta desafios para o desenvolvimento de variedades de milho resistentes. A capacidade do fungo de se disseminar globalmente sugere uma longa história de adaptação e migração global, impulsionada por recombinações genéticas que geram novos genótipos com maior diversidade genética e virulência.
Ensaios de patogenicidade realizados em laboratório demonstraram variações significativas de virulência entre diferentes isolados do fungo. Isso levanta preocupações sobre o surgimento de novos surtos, especialmente na Europa, similar aos que ocorreram nos Estados Unidos na década de 1970. Portanto, os cientistas enfatizam a importância do monitoramento genético contínuo e da adoção de medidas preventivas, como o plantio de cultivares resistentes, adubação equilibrada e rotação de culturas.
A identificação da população ancestral do fungo pode auxiliar no desenvolvimento de estratégias mais eficazes para mitigar os impactos da antracnose do milho. A equipe de pesquisadores recomenda o uso de genes de resistência múltiplos e medidas de manejo integrado para evitar novos surtos e proteger a segurança alimentar global. A pesquisa ressalta a importância de ações permanentes e medidas preventivas para reduzir perdas econômicas e garantir a segurança alimentar diante das principais doenças que impactam a produtividade global do milho.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Flávia Rogério / Embrapa