Pesquisa recente realizada por pesquisadores da Embrapa, em Palmas (TO), revelou importantes avanços na reprodução artificial do pirarucu (Arapaima gigas), espécie amazônica ameaçada de extinção e altamente valorizada tanto na gastronomia quanto na indústria da moda. Pela primeira vez, os cientistas conseguiram analisar e descrever as células espermáticas do peixe, além de comprovar a viabilidade da coleta de sêmen, o que é essencial para garantir a oferta de alevinos e atender à crescente demanda do setor produtivo por uma reprodução artificial fora do corpo do animal.
Essa conquista foi fruto de quase uma década de estudos realizados no âmbito do projeto internacional Aquavitae, que reúne 29 instituições de 16 países com o objetivo de impulsionar a aquicultura na região banhada pelo Atlântico. O próximo passo dos pesquisadores é a criopreservação do sêmen do pirarucu, visando a domesticação completa da espécie.
A domesticação do pirarucu representa um dos maiores desafios da ciência, diferentemente de espécies como a tilápia, cuja reprodução em cativeiro já está consolidada. Atualmente, a reprodução do pirarucu é majoritariamente realizada de forma natural, porém, os pesquisadores buscam consolidar um protocolo para a reprodução artificial da espécie, de modo a manter a oferta de alevinos constante ao longo do ano, atendendo às demandas do setor produtivo.
Um dos desafios encontrados pelos pesquisadores foi a dificuldade em identificar machos e fêmeas do pirarucu. Para solucionar esse problema, foi desenvolvido um método de canulação, que permitiu não apenas distinguir os sexos, mas também verificar o grau de maturidade das fêmeas. Esse avanço foi fundamental para aumentar a eficiência reprodutiva, como comprovado pelo sucesso de um piscicultor que adotou a técnica e passou de duas reproduções por ano para até sete.
Além disso, a coleta de sêmen do pirarucu também representou um desafio para os pesquisadores. Após testes e desenvolvimento de técnicas para evitar contaminação com urina, a equipe conseguiu descrever a anatomia do espermatozoide, sua motilidade e a técnica de coleta de sêmen de forma eficaz.
O projeto Aquavitae, financiado majoritariamente pelo programa Horizon 2020 da União Europeia, foi fundamental para esses avanços na reprodução do pirarucu. Com a participação de diversas instituições internacionais, incluindo a Embrapa e universidades brasileiras, o projeto possibilitou a realização de pesquisas em sintonia com as demandas do setor produtivo, visando o aumento da produção aquícola.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Ronaldo Rosa / Embrapa