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Brasil vai ganhar ferrovia de 2.400 km ligando o Mato Grosso à Bahia

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No plano governamental está pintando uma notícia muito boa, há muito tempo esperada, que pudesse tornar-se realidade. O Governo Lula está preparando um plano para conceder à iniciativa privada 2.400 km de ferrovias para ligar o Leste ao Oeste, entre os Estados do Mato Grosso e Bahia. Esse relevante trecho, que surgirá de um leilão que está sendo montado para o final de janeiro de 2025, daqui a pouco mais de um mês, cortará a ferrovia norte-sul e será de importância extraordinária para o modal de transporte e para a economia nacional. A ferrovia, relevante  para o transporte de cargas, cortará o Brasil de lado a lado. 

O projeto está em fase final de viabilidade técnica. A ferrovia partirá de Lucas do Rio Verde, na região central do Mato Grosso, e vai até Ilhéus, no litoral baiano. Pelo plano que está em finalização no Planalto, será feita a junção de dois projetos ferroviários que já estão sendo construíodos, em plena evolução, cruzando o eixo da Norte-Sul, que já interliga o interior de São Paulo ao Estado do Maranhão e incluirá um traçado da Ferrovia Centro-Oeste e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, envolvendo trechos já concluídos.

Os estudos estão em fase de conclusão, nas mãos de técnicos especializados da Infra, que é uma estatal vinculada ao Ministério dos Transportes. Ainda neste mês de dezembro os relatórios finais serão encaminhados à Agência Nacional de Transportes, que determinará a largada para a fase final de consultas, começando aí a etapa de recebimento de sugestões e esclarecimento de dúvidas de parte dos interessados,para culminar com audiência pública ainda em janeiro.

Essa é uma das melhores notícias que o Brasil poderia ter neste momento. E vem juntar-se a outra ação profundamente positivo nesse terreno, que é a destinação de R$ 3,6 bilhões para conclusão do 7º lote da ferrovia Transnordestina, que liga o Piauí aos Estados do Ceará e Maranhão, feita na semana passada.

Sabe-se que o Brasil, que possui a quinta maior área territorial entre os países do mundo, tornando-se a quarta se forem levadas em consideração as terras contínuas, e que, por isso, não fez a melhor escolha quando optou pelo modal rodoviário como seu meio de transporte, quer seja de carga ou de pessoas. Essa política de transporte centrada em rodovias, num país de dimensões continentais como o nosso, gera um enorme e histórico desistímulo nos investidores privados. E quando isso se junta ao desinteresse e descaso do poder público, gera-se muitas vezes um caos imenso pela falta de rodovias em várias regiões e um custo muito elevado no transporte.

Aumentar, portanto, de modo expressivo, modais como o hidroviário e o ferroviário significa não apenas diversificar, mas oferecer condições reais de integração nacional, de estímulo ao desenvolvimento de todas as regiões e o barateamento do custo do transporte.

Essa opção pelo rodoviarismo enquanto política de Estado teve origem com o ex-presidente Washington Luis, que discursou ainda como governador de São Paulo em 1920 e deixou a  célebre frase “Governar é povoar; mas, não se povoa sem se abrir estradas, e de todas as espécies; governar é, pois, fazer estradas”! Enquanto governador de São Paulo, Washington Luis projetou e modernizou estradas no interior do estado e em direção ao Porto de Santos. Ao assumir a presidência, inaugurou em 1928 a Rodovia Rio-Petrópolis – a primeira rodovia asfaltada do Brasil – e a Rodovia Rio-São Paulo. Criou também a Polícia Rodoviária Federal e um mecanismo para promover o rodoviarismo no Brasil: o Fundo Especial para Construção e Conservação de Estradas de Rodagens Federais.

O Presidente Lula, ainda em 2006, no último ano de seu primeiro mandato presidencial, teve a iniciativa de dar início a essa mudança de prática governamental  no nosso sistema de transporte, quando tomou a decisão de reiniciar as obras de construção da Ferrovia Transnordestina, uma obra que fora idealizada no ano de 1956 e chegou mesmo a ser iniciada em 1959, ficando parada por mais de 40 anos. E mesmo com o empenho demonstrado por Lula, voltou a ter sua construção interropida em 2016, depois que a Presidente Dilam foi retirada do poder.

Por José Osmando

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